Habitação

Quase 90% dos portugueses considera a sua casa desconfortável

Quase 90% dos portugueses considera a sua casa desconfortável

O Portal da Construção Sustentável divulgou os resultados de um inquérito que fez à população portuguesa residente em Portugal Continental sobre o conforto térmico das suas casas, numa altura em que o Governo avança com uma estratégia nacional para combater a pobreza energética, com metas de redução desta problemática até 2050.

88% dos inquiridos consideraram a sua casa desconfortável a nível térmico, e apenas 12% assume morar numa casa confortável. Para tal, precisam de gastar energia em climatização, ou mesmo usar mais roupa, para poupar dinheiro em aquecimento (74%).

94% dos respondentes dizem ter um aumento significativo do consumo energético para climatizar a casa. O desconforto térmico é apontado um pouco por todo o país.

O Portal recorda que o Governo já anunciou que pretende combater a pobreza energética através de vales do Estado atribuídos às famílias mais carenciadas, que serão aplicados diretamente na compra de fogões, aquecedores, equipamentos para arrefecer a casa ou na instalação de painéis solares fotovoltaicos para autoconsumo. E também poderão ser usados em obras de melhoria de eficiência energética em casa.

Aline Guerreiro, CEO do Portal da Construção Sustentável, questiona «como quer o governo combater a pobreza energética com mais equipamentos que consomem energia, como sendo os aquecedores e os equipamentos para arrefecimento, quando as famílias portuguesas não conseguem pagar os gastos consumidos e tem que recorrer a outros métodos como sejam o uso de várias camadas de roupa?»

O portal recorda também que 1,2 milhões de famílias gastam mais de 10% do seu rendimento mensal com a fatura energética, e ainda assim não consideram a sua casa confortável termicamente. Por outro lado, o inquérito atesta um desconhecimento geral por parte dos inquiridos pela relação entre a construção e o uso de certos materiais com o conforto térmico.

No ano passado, o Governo abriu candidaturas, através do Fundo Ambiental, para o financiamento de obras que tornassem as casas dos portugueses mais sustentáveis. Em 4 meses, foram dispensados 4,5 milhões de euros para estas candidaturas.

Mas, segundo este inquérito, 42% dos respondentes não teve conhecimento deste Programa Edifícios + Sustentáveis. Apenas 1% dos inquiridos recebeu financiamento deste programa, e este foi maioritariamente destinado à colocação de painéis fotovoltaicos, que se vão traduzir na poupança de eletricidade. Os investimentos em melhorias na construção foram pouco significativos. Aline Guerreiro lembra que «a energia mais barata é a energia que não necessitamos de gastar. Por isso, é pertinente pensar no combate à pobreza energética através da reabilitação sustentável dos edifícios, de forma a isolá-los convenientemente».

E conclui que «todos os edifícios deveriam ser desenhados, construídos e reabilitados, de forma a pouparem energia, reduzindo as emissões de CO2 associadas. É urgente a consciência ambiental. Temos de parar de poluir. Seja pela má utilização de recursos, seja pelas emissões poluentes que todos poderíamos evitar».

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