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Prémio Nacional de Reabilitação Urbana reconhece excelência na renovação das cidades

Prémio Nacional de Reabilitação Urbana reconhece excelência na renovação das cidades
Painel “Os mestres e a arte de reabilitar”.

O maior galardão nacional, no âmbito da reabilitação urbana, está de regresso para assinalar a sua 12ª edição. As inscrições abrem brevemente, ainda durante o mês de novembro. Com o apoio do Instituto da Construção Sustentável ao prémio estrutural, a 12ª edição da iniciativa apresenta grandes novidades, nomeadamente, a apresentação do Prémio Mestres da Construção, com a curadoria do arquitecto Eduardo Souto Moura. A cerimónia de entrega dos prémios vai decorrer em Matosinhos, na Casa da Arquitectura.

A 11.ª edição da Semana da Reabilitação Urbana do Porto foi palco para a apresentação da 12ª edição do Prémio Nacional de Reabilitação Urbana. Reconhecido pelos profissionais do setor da construção e do imobiliário como um dos mais importantes galardões do setor, o Prémio Nacional de Reabilitação Urbana orgulha-se de ter chegado a todo o país, de norte a sul, incluindo ilhas, num número superior a 700 candidatos. Na primeira sessão do último dia da Semana da Reabilitação Urbana, estiveram reunidos especialistas na atividade da reabilitação urbana nacional.

Inês Flores-Colen, Presidente do GECoRPA, e António Gil Machado, Diretor da VI, na abertura da sessão.
Inês Flores-Colen, Presidente do GECoRPA, e António Gil Machado, Diretor da VI, na abertura da sessão.

Na primeira intervenção, Filipe Ferreira, vogal da Direção do GECoRPA – Grémio do Património/AOF, abordou o papel dos mestres na reabilitação urbana. Tendo em vista que «a emigração da nossa mão de obra especializada está a aumentar para países onde os salários são mais elevados», é importante «demonstrarmos às pessoas que este trabalho (de técnico especializado) é um trabalho digno, qualificado e de qualidade».

Mas como podemos cuidar do património que temos e, concomitantemente, manter os técnicos especializados em Portugal? Para Filipe Ferreira é fundamental pensar no património de outra forma; identificar e caracterizar o património; gestão do património (por exemplo, em especial do turismo cultural); metodologias de intervenção e prioridades; investimento público é fundamental; formação e qualificação dos atores em todo o processo; perspetivar evolução futura da reabilitação em Portugal; alargar a intervenção do património do século XX, habitação corrente, em curso etc.

Filipe Ferreira, vogal da Direção do GECoRPA – Grémio do Património/AOF.
Filipe Ferreira, vogal da Direção do GECoRPA – Grémio do Património/AOF.

“Há uma diferença entre construir o construído e o construir de novo: muitas das vezes confunde-se reabilitação com aquilo que não é reabilitação”

Carlos Prata, Arquiteto, Professor Jubilado da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto e Membro do Júri do PNRU, atentou ao facto de que «há uma diferença entre construir o construído e o construir de novo: muitas das vezes confunde-se reabilitação com aquilo que não é reabilitação». Esta questão da reabilitação urbana «foi sendo colocada e estudada com intervenções de muita qualidade», sendo «as políticas fundamentais para manter o caracter das zonas ou das áreas cidades, não é só a arquitetura».

Quando se coloca a questão se é mais fácil construir de raíz ou reabilitar, «esta última é mais complicada, sendo uma atividade complexa que se tem vindo a desenvolver, em Portugal, com estirações fantásticas e que implicam, desde logo, um conhecimento aprofundado do que se vai mexer. Se for para reabilitar sistemas construtivos, técnicas de construção, novos materiais tudo isso implica um conhecimento aprofundado e rigoroso. A própria intervenção implica, também, esse conhecimento: por exemplo, apareceram uma série de especialidades novas, como é o caso da hidrotérmica», refere.

Matosinhos “tem vindo a proceder à reabilitação”

Em representação da Câmara Municipal de Matosinhos, Artur Côrte-Real, Chefe de Divisão de Projetos e Promoção de Obras da Câmara Municipal de Matosinhos, dá conta de que Matosinhos tem vindo a proceder à reabilitação, mas reforça que «reabilitação não é só edificado: numa ótica de município, é espaço público também. Temos edifícios, naturalmente, mas a grande área de intervenção, e aquela que é mais solicitada constantemente, é ao nível do espaço público».

“Ao nível do espaço público, Matosinhos tem vindo a implementar medidas de acessibilidade, novas tecnologias e infraestruturas”

No caso do espaço público, «temos um fator que é primordial na estruturação, que é a mobilidade», sendo que a reabilitação urbana «passa muito pela identificação dos espaços canais, dos espaços dedicados, e da forma de fazer essa aproximação do território», considerou. Neste sentido, o Plano Diretor Municipal de Mobilidade «é absolutamente crucial, porque is nos define as linhas e as estratégias todas que fazemos», acrescentou.

Artur Côrte-Real sublinha ainda que «tem que haver um equilíbrio na regeneração urbana e no perceber no que se pode fazer e até onde se pode ir», referindo que a «reabilitação como carácter histórico é uma coisa, mas esta atividade existe no sentido lato, e a Câmara opera muito mais nesse sentido».

De que forma o produtor de materiais assegura a implementação de boas práticas em obra?

No ponto de vista dos produtores de materiais, Miguel Duarte, Specification Manager da Mapei, enfatiza que primeiramente «temos de verificar aquilo que é a montante. Para verificarmos essa compatibilidade, e depois permitir com que todo o processo de execução em obra seja cumprido, há uma fase preparatória».

O responsável considera «essencial distinguir aquilo que é um projeto de reabilitação do projeto de construção nova, pois são vertentes distintas: a fase preparatória do projeto de reabilitação é mais rigorosa comparativamente à construção nova, pois existe um conjunto de fases para podermos chegar aos tais produtos que têm de ser cumpridos».

Neste seguimento, há duas «fases fundamentais»: conhecimento, «que se traduz numa cuidadosa análise visual dos elementos construtivos que queremos reabilitar»; em segundo lugar, aferir e averiguar o estado de conservação dos elementos construtivos. A partir dessa análise, «podemos facilmente chegar a um sistema e produto compatível que, depois em obra, é muito mais fácil todo o processo de organização e de explicação a quem vai executar». Por outro lado, também «é muito importante aferir e averiguar o tipo de acabamentos que encontramos nos edifícios e conhecer a composição química das argamassas».

Em representação do Grupo CIN, Paulo Nunes, Responsável de Prescrição do grupo, reitera que a reabilitação «traz-nos desafios acrescidos, pois temos de criar um produto que respeite o suporte, que proteja, e também a nível estético», acrescentando que na reabilitação «encontramos suportes mistos, na maioria das vezes, que exigem, da parte da arquitetura, que tenhamos uma uniformidade, uma leitura idêntica».

A CIN «preocupa-se muito com a qualidade dos materiais, associada à qualidade da construção, principalmente nos pequenos pormenores, como a tinta indicada. Em reabilitação, por exemplo, temos o desafio de ter uma tinta que respeite suportes antigos, com uma permeabilidade adequada. Devemos, também, ter uma leitura semelhante aquilo que são as paredes antigas», explicou Paulo Nunes.

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