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Porto quer atingir neutralidade carbónica até 2030

Porto quer atingir neutralidade carbónica até 2030
Créditos: Carlos Costa

O Porto pretende ser neutro em carbono até 2030. Neste sentido, traçou uma estratégia ambiciosa rumo à neutralidade, o Pacto do Porto para o Clima, que a Semana da Reabilitação Urbana do Porto apresentou à cidade, no âmbito da conferência “Pacto do Porto para o Clima. O desafio à reabilitação urbana!”

É certo que a redução da emissão de Gases com Efeito de Estufa exige um elevado investimento público e privado, todavia trata-se de uma oportunidade única para a competitividade, o emprego e a justiça social. José Manuel Sousa, Vice-Presidente da Ordem dos Engenheiros Técnicos, frisa que «temos um património enorme para reabilitar» e que «estamos no caminho, estamos a dar passos, a ter objetivos ambiciosos».

José Manuel Sousa constata que a Ordem dos Engenheiros Técnicos «tem estas preocupações com o futuro há muito tempo» e que a «engenharia tem de estar com os olhos postos no futuro, não esquecendo o passado».

O Vice-Presidente da Ordem dos Engenheiros Técnicos sinaliza que «estamos perante exigências no setor da construção que, ao fim de 15 anos, estamos a ver luz ao fundo do túnel», completando que a «engenharia é o parceiro dinâmico para acrescentar valor à economia».

Filipe Araújo, Vice-Presidente, Vereador do Pelouro do Ambiente e Transição Climática da Câmara Municipal do Porto, destacou o «caminho que foi feito pela cidade numa década de progresso económico, cultural», sublinhando que «temos de continuar a tomar medidas para adaptar o território aquilo que são os efeitos das alterações climáticas».

O vereador referiu também que 50% emissão de carbono na cidade provem do setor dos edifícios e que o objetivo claro passa por «chegar a 2030 a atingir a neutralidade. Em 2020 estávamos com -50% das emissões comparativamente a 2004».

Créditos: Carlos Costa
Créditos: Carlos Costa

Pacto do Porto para o Clima

Filipe Araújo distingue o Pacto do Porto para o Clima como o «nosso verdadeiro compromisso enquanto cidade» e que «o caminho rumo à neutralidade na cidade é exigente e convoca uma ação coletiva para benefícios coletivos. É neste sentido que lançámos o programa, que já foi subscrito por 200 entidades até ao momento». Filipe Araújo refere ainda que «o Porto quer liderar dando o exemplo nas iniciativas que tem vindo a tomar: captação de carbono; continuar a expandir as áreas verdes e azuis etc.»

O vereador refere ainda que «há falta de literacia acerca deste tema», para isso «criámos o Porto Energy Hub: pessoas dirigem-se ao gabinete e este ajudará as pessoas ao financiamento que podem ter, as candidaturas que estão em aberto etc.».

Bruno Veloso, Vice-Presidente da Adene, frisa que «é nas cidades que se registam os maiores consumos de energia e emissão de gases com efeito estuda» e que «a descarbonização das cidades só será possível com a cooperação das autarquias, no sentido de tomarem medidas para acelerarem a transição energética. As autarquias devem por isso desenvolver as suas próprias estratégias. Os autarcas devem reforçar a adoção de novas tecnologias energéticas, com políticas centralizadas na descarbonização».

Portopode liderar transição energética

De acordo com Bruno Veloso, «o Porto já provou que tem a capacidade para liderar esta transição energética» com o Pacto do Porto para o Clima que «é uma ação crucial para esta transição. Vai tornar a cidade mais resiliente, eficiente em termos energéticos». O Vice-Presidente da Adene concluiu reforçando que «possamos ter uma reabilitação urbana cada vez mais preocupada com a eficiência energética dos edifícios».

Mesa-redonda de debate

Créditos: Carlos Costa
Créditos: Carlos Costa

Filipe Araújo indicou que hoje, na Câmara Municipal do Porto, «temos uma equipa dedicada a trabalhar neste tema, preocupada em dinamizar os parceiros do pacto e a própria cidade do Porto a candidatar-se a fundos da União Europeia. Isto não é um “mero pacto"».

O vereador da Câmara Municipal do Porto realça que «o pacto do Porto para o clima pretende criar uma dinâmica de cidade em que todos beneficiamos». O «grande desafio não é se vamos ou não atingir esta neutralidade. O queremos é antecipar esta neutralidade, de forma a cidade a ser um exemplo nesta temática», profere Filipe Araújo.

A eficiência energética será sempre a grande bandeira da Adene”

Bruno Veloso assinala que a «eficiência energética será sempre a grande bandeira da Adene». Aborda ainda a Estratégia de Longo Prazo para a Renovação dos Edifícios (ELPRE) que prevê reabilitação de 100% dos edifícios até 2050: «a implementação da ELPRE prevê um investimento de 620 milhões de euros, entre 2021 e 2026», refere.

Para Victor Baptista, Administrador da Portgás, «se nós temos de ser eficientes no capital, no trabalho, também na energia temos de ser». O administrador da Portgás refere que a «nossa responsabilidade está em transferir entre aquilo que entra na rede até as nossas casas. Se olharmos para 2018/19 as redes tiveram bem, não houve problemas de gás. Houve a baixa de consumo com o covid, em 2020, em 2022 há uma retoma». Victor Baptista revela que «o problema real vai ser no inverno de 2023 e 2024, vamos ver se temos gás suficiente para preencher as reservas».

A sustentabilidade ganhou um valor de mercado”

Do ponto de vista de Victor Ferreira, Presidente da Cluster Habitat Sustentável, «a sustentabilidade ganhou um valor de mercado. Hoje há uma consciencialização da opinião pública, dos técnicos profissionais e do cliente final em procurar soluções onde a sustentabilidade é a tónica».

E, de facto, a Cluster «tem esta preocupação de responder aos desafios atuais que incluem evidentemente a questão da eficiência de recursos, energética, hídrica e de materiais», acrescentando que «nós elegemos a sustentabilidade como força motriz para a inovação e competitividade das empresas».

De acordo com João Sousa, Vice-Presidente do Conselho da Profissão da Ordem dos Engenheiros Técnicos, «75% dos nossos edifícios na Europa são ineficientes; 50% dos nossos edifícios advêm de construções entre os anos 60 e 90; 35% dos nossos edifícios são construções anteriores ainda a 1960. Se a reabilitação vai ter um forte papel na descarbonização? Sim, por diversos motivos. Se implementarmos algumas medidas, podemos atingir algumas metas».

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