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Eletrificação dos edifícios segue trajetória positiva, mas é urgente mais reabilitação energética



                      Eletrificação dos edifícios segue trajetória positiva, mas é urgente mais reabilitação energética
Sessão “Eletrificar o parque edificado – O grande desafio da reabilitação urbana”.

Na abertura da conferência “Eletrificar o parque edificado – O grande desafio da reabilitação urbana”, no âmbito da Semana da Reabilitação Urbana de Lisboa, José Manuel Sousa, Vice-Presidente da Ordem dos Engenheiros Técnicos (OET), destacou a atualidade e importância do tema, sublinhando que «a eletrificação da construção é uma consequência direta da eletrificação das nossas vidas».

António Bessa, Diretor Técnico da Schneider Electric, fez um alerta sobre a responsabilidade dos edifícios no consumo energético, que representa 40% do total. Para cumprir os objetivos climáticos, frisou a necessidade de acelerar o processo de descarbonização, pois «90% dos edifícios existentes irão tornar-se um risco financeiro se não conseguirem descarbonizar». Para «cumprirmos os objetivos traçados, é fundamental mudar os padrões», acrescentou.

As renovações dos edifícios geram valor comercial e diminuem os riscos financeiros

«A necessidade de renovar os edifícios é clara. As renovações geram valor comercial e diminuem os riscos financeiros. Para acelerarmos a ação climática, devemos focar-nos na reabilitação dos edifícios existentes. Devemos ainda adotar uma abordagem integrada: estratégia, digitalização e descarbonização», enfatizou António Bessa.

António Bessa, Diretor Técnico da Schneider Electric.

Por outro lado, Marcus Torres, Country Manager da ChargeGuru Portugal, abordou a mobilidade elétrica, defendendo que a instalação de carregadores em edifícios deve ser encarada como um bem comum: «as soluções de mobilidade elétrica existem. Vamos utilizá-las». O responsável confessou que o carregamento em edifícios é «um desafio», mas frisou que 85% dos edifícios construídos a partir de 2011 possuem garagem, «o que facilita o carregamento doméstico e reduz a dependência dos postos públicos».

Marcus Torres, Country Manager da ChargeGuru Portugal.

Mesa-redonda de debate

Na mesa-redonda de debate, moderada por José Manuel Sousa, Vice-Presidente da Ordem dos Engenheiros Técnicos (OET), especialistas abordaram a importância da renovação dos edifícios, a transição para energias mais limpas e a implementação de soluções para mitigar a pobreza energética. Após uma apresentação bastante enriquecedora, António Bessa, Diretor Técnico da Schneider Electric, deu início ao debate, reforçando que «as pessoas têm de ser incentivadas a realizar estes investimentos», no âmbito da reabilitação energética.

Neste contexto, a questão dos condomínios foi destacada por Vítor Amaral, Presidente da APEGAC, que alertou para a necessidade urgente de reabilitar o parque edificado. «Mais de 1 milhão de edifícios necessita de reabilitação: 70% deles são energeticamente ineficientes, com grandes carências em termos de eficiência energética», afirmou, destacando também que o consumo de energia representa 10% do rendimento das famílias.

«Há uma necessidade imperiosa de reabilitar os edifícios de forma a melhorar a qualidade de vida das pessoas». A diretiva europeia, na opinião de Vítor Amaral, «é excelente, ajudando a ganhar qualidade de vida de forma complementar». No entanto, alertou para a necessidade de «sensibilizar as pessoas para esta temática, pois há uma grande ileteracia energética. É fundamental sensibilizar os administradores de condomínio», referiu, acrescentando que «seria importante reduzir a taxa de IVA nas obras de reabilitação e, especialmente, nas obras com grande impacto energético. Por que não até 0%?», questionou.

Após a sua apresentação esclarecedora, Marcus Torres, Country Manager da ChargeGuru Portugal, partilhou a sua visão sobre a mobilidade elétrica e os desafios enfrentados. «O grande desafio é a vontade. É preciso que as pessoas queiram fazer a transição», afirmou, explicando que para isso, «é necessário que as pessoas conheçam esta informação para tomar decisões informadas», disse.

Ávila e Sousa, Diretor Técnico e Marketing do Grupo Preceram, evidenciou que «há muito trabalho a fazer nas cidades. A eletrificação dos veículos é um fator essencial para termos um melhor ambiente». O responsável sublinhou que «temos de reabilitar os edifícios. Qual o material a incorporar? Esse é o grande desafio, e o grande passo que nós tentamos dar continuamente no Grupo Preceram. Procuramos sempre produzir materiais de alta qualidade, com o mínimo de emissão de CO2 possível». Além disso, sublinhou que «a eletrificação dos processos produtivos na indústria está a dar passos significativos. Existe um grande potencial para desenvolver e alterar os consumos energéticos a nível industrial».

Por outra perspetiva, Fernando Silva Gusmão, da Ordem dos Engenheiros Técnicos, destacou que «é necessário criar uma cultura de base em todos nós, e isso tem de começar nas escolas». De acordo com o responsável, a legislação ainda necessita de evolução, especialmente no que diz respeito à mudança de mentalidade dos legisladores, uma vez que «a mentalidade de quem legisla precisa de mudar. É um grande obstáculo para atingirmos os nossos objetivos».

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