Um novo loteamento urbano com habitação, edifícios para serviços culturais, zonas verdes e um miradouro vai redesenhar a A Avenida D. Afonso Henriques, conhecida no Porto por "Avenida da Ponte" no Porto. O projeto tem autoria do arquiteto Álvaro Siza Vieira e foi apresentado esta quarta-feira, prevendo-se a transformação de toda a encosta entre a Sé Catedral e a Estação de S. Bento, de acordo com a Renascença.
A intervenção abrange terrenos ao longo da Avenida D. Afonso Henriques, que liga o tabuleiro superior da Ponte Luis I à Praça de Almeida Garrett, criando uma separação entre a zona da Estação de S. Bento e a zona da Sé.
No lado poente do terreno, junto à Sé e ao antigo Mercado de S. Sebastião, atualmente em demolição, Siza Vieira projetou um edifício habitacional com uma linguagem inspirada na arquitetura portuense, contribuindo para a reconstrução da Travessa de São Sebastião. Ao lado, nascerão mais dois edifícios de habitação que completam a rua de Corpo de Guarda.
Ainda neste lado da Sé Catedral, o arquiteto propõe um edifício para serviços culturais, uma praceta, uma nova rua, um percurso pedonal e um "grande jardim". Do lado nascente, junto à estação de S. Bento, o plano prevê três edifícios habitacionais que vão "fazer o remate da rua Chã", um segundo equipamento para serviços culturais e um miradouro junto à escarpa em pedra. Vão ser construídas 22 casas T2, a custo acessível, com comércio por baixo, adiantou Siza Vieira, no enquadramento composto pelas ruas S. Sebastião e Chã, e pelo Morro da Sé. A componente habitacional deverá traduzir-se em cerca de 40 novos fogos, um número limitado por se tratar de uma zona classificada pela UNESCO.
Na apresentação, realizada no edifício da Câmara do Porto, o vereador com o pelouro do Urbanismo e Espaço Público, Pedro Baganha, lembrou como este se trata de um "território e um problema urbano adiados" e o arquiteto Álvaro Siza contextualizou os projetos que já tinha apresentado em 1968 e em 2001 e que foram "deixados na gaveta".
"Nós não podemos perder a noção de que estamos a falar do Património da Humanidade, que tem uma determinada escala, uma determinada vivência, uma determinada atmosfera. A grande virtude do projeto que nos está a ser proposto é que reforça essa mesma atmosfera que é típica e tradicional no centro do Porto", referiu Pedro Baganha. Sobre o tipo de habitação que será construída, o vereador relembrou que se aproximam eleições autárquicas e a decisão será do próximo executivo.
Recorde-se que, a 25 de março, a empresa municipal Porto Vivo SRU assinou um contrato, de 300 mil euros, com o arquiteto Siza Vieira para este elaborar um projeto de loteamento (e respetivos projetos de especialidades) para a Avenida da Ponte. Os terrenos da Avenida da Ponte são municipais e o projeto de loteamento apresentado esta quarta-feira ainda se encontra a recolher pareceres técnicos externos e seguirá, depois, para consulta pública.