Na Rua Palmira, em Lisboa, o número 14 prepara-se para ganhar uma nova identidade. O atelier Orgânica Arquitectura assina o projeto de reconversão de um antigo edifício habitacional, datado dos primeiros anos do século XX, num hotel de três estrelas com 21 unidades de alojamento e capacidade para 40 camas.
A intervenção visou adaptar o imóvel à dinâmica funcional de um hotel, assegurando uma articulação eficiente entre as zonas de hóspedes e os espaços de serviço. Para isso, a proposta incluiu a introdução de dois elevadores que organizam a circulação interior, criando circuitos distintos para hóspedes e funcionários.
Paralelamente, foram projetadas galerias exteriores voltadas para o número 12 da mesma rua, tirando partido do recuo em relação ao edifício vizinho e da configuração interior do lote. Estas galerias, ligadas por escadas nos topos, garantem também as condições de evacuação, permitindo eliminar as antigas escadas e corredores interiores.

Segundo Paulo Serôdio, arquiteto responsável pelo projeto, o gabinete propôs “uma diferente possibilidade de intervir no edifício sem seguir o adágio recente dos projectos de construção nestas zonas consolidadas de Lisboa: a solução da fachada e a sua condição de imagem de continuidade na rua, em particular, a composição com elementos arquitectónicos de referências de simplificação abstratizante, assim como, a forma do edifício em planta e a sua profundidade no lote, resultantes da concordância do alinhamento com os edifícios vizinhos”.
O edifício encontrava-se num avançado estado de degradação, fruto da idade e dos materiais originais de construção. O projeto de reabilitação contemplou o reforço estrutural do edifício e a instalação de novas infraestruturas técnicas – redes de águas e esgotos, eletricidade, climatização, segurança e comunicações. Para garantir conforto térmico e acústico, foram aplicadas soluções construtivas e revestimentos com elevado desempenho em paredes, tetos e pavimentos.