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ELPRE é “ambiciosa, e precisa de toda a colaboração do setor”

ELPRE é “ambiciosa, e precisa de toda a colaboração do setor”

A Estratégia de Longo Prazo para a Renovação dos Edifícios começa a ser implementada num contexto desafiante para o setor imobiliário. 2022 será «um ano de viragem» e de entrada «num novo ciclo social, económico e político, que vai permitir acelerar as grandes prioridades do setor».

As palavras são de Nelson Lage, Presidente do Conselho de Administração da ADENE, que falava durante a Semana da Reabilitação Urbana de Lisboa na conferência “Financiar a descarbonização das cidades – Como estamos a implementar a ELPRE?”, lembrando que «a sustentabilidade está na ordem do dia, e a nossa prioridade agora é conciliar a economia com o planeta», não sem os desafios de uma pandemia «que ainda não desapareceu de vez» e de um novo conflito armado na Europa.

Com o objetivo de renovar o parque edificado, para Nelson Lage, «a ELPRE é um desafio gigantesco que abrange toda a sociedade. É uma estratégia charneira para as próximas décadas, que temos de implementar de forma rigorosa e transparente, será fundamental para a melhoria da vida dos portugueses». E acredita que «é ambiciosa e precisa de toda a colaboração do setor». Conclui garantindo que «a ADENE está fortemente empenhada na descarbonização. Temos de dar um novo impulso à descarbonização das nossas cidades, e é altura para tirar partido de todos os instrumentos e políticas que temos ao dispor».

Estão já em prática várias iniciativas neste sentido, implementadas pelo Fundo Ambiental, como o Programa Edifícios + Sustentáveis. Catarina Pinheiro, do Fundo Ambiental, explica que este programa, destinado a edifícios de habitação, tem sido um sucesso, com mais de 80.000 candidaturas recebidas: «temos dois avisos a receber candidaturas neste momento, e 75 milhões de euros a concurso, com previsão de esgotar dentro de duas semanas». E garante que «teremos outros concursos, em contínuo ou não, previsivelmente até 2025. Se a velocidade e o sucesso se mantiverem, acredito que não chegaremos a 2025 com verba por executar».

Exemplo destas iniciativas é também o Vale Eficiência, destinado a famílias com tarifa social de eletricidade, com menos adesão que o anterior, ou o programa de Eficiência Energética em Edifícios de Serviços.

Rui Fragoso, diretor de projetos técnicos da ADENE, acredita que «é importante reconhecer no terreno as várias iniciativas, e estão a ser desenvolvidas ferramentas» no sentido de as monitorizar. A própria ELPRE «tem indicadores de monitorização e relatórios trimestrais» sobre a sua implementação. O mais importante será «aumentar a taxa de renovação» até 2050, com cerca de 250.000 fogos com algum tipo de melhoria a cada ano.

“Cabe-nos a nós desenvolver produtos que sejam duráveis e sustentáveis”

Para a Reynaers Aluminium, a grande preocupação passa por «adequar os produtos a um ciclo de vida que chegue a 2050. Cabe-nos a nós como empresa de materiais de construção desenvolver os nossos produtos para que sejam duráveis, sustentáveis, e que permitam durabilidade suficiente», afirma Ricardo Vieira, Managing Director da empresa.

Não sem desafios: «temos de encontrar um equilíbrio entre a escalada dos preços e o nosso preço de venda. O valor que acrescentamos tem de ser equilibrado ao ponto de tornarmos o produto acessível ao mercado». Acredita que é necessário «explicar que o custo de um determinado bem passa também por outros critérios medidos durante o ciclo de vida do produto», além de «maior planeamento, e mão-de-obra qualificada».

As coberturas verdes podem ser um exemplo deste tipo de soluções. Paulo Palha, presidente da Associação Nacional de Coberturas Verdes acredita que «a vegetação deve ser considerada um material de construção. Não por ser bonito, mas porque nos ajuda com serviços ecossistémicos em altura de crise climática», ajudando tanto no isolamento dos edifícios como também na retenção de água, ou na promoção da biodiversidade, nomeadamente de polinizadores. As coberturas «permitem uma valorização imobiliária muito significativa, e dão dinheiro a todos», garante.

Rui Fragoso apontou que dos 3,8 milhões de fogos que precisam de melhorias, 2,5 milhões foram construídos antes dos anos 90, e por isso não têm isolamento, por isso as paredes e as coberturas serão os principais trabalhos de melhoria necessários. Nas suas contas, se em 2010 cerca de 75% das habitações tinham vidro simples, são quase 2,6 milhões de casas. E se a maior parte são moradias, com cerca de 8 janelas, serão mais de 20 milhões de janelas que terão de ser substituídas nos próximos anos, calcula.

Manuel Collares Pereira, Scientific Advisor da promotora Vanguard Properties, alerta para o problema da taxonomia: «temos de perceber o que significa ao certo “reabilitação sustentável”, e é preciso explicar ao comprador que terá mais conforto, mais qualidade de vida e valor no imóvel». Licenciamentos mais rápidos são uma medida importante para baixar os custos da promoção, considera.

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