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Como acelerar a resposta à crise da habitação? Menos burocracia e mais inovação

Como acelerar a resposta à crise da habitação? Menos burocracia e mais inovação
Roberto Teixeira
CEO, Ownest

O resultado é um mercado em desequilíbrio, onde muitas famílias não conseguem aceder à casa que precisam e onde os promotores veem a sua capacidade de resposta comprometida.

Se quisermos acelerar a resposta à crise da habitação, precisamos de atuar em duas frentes: simplificação da burocracia e inovação nos modelos construtivos.

O primeiro ponto é óbvio. Os prazos de licenciamento continuam a ser um dos maiores entraves à entrega de novas casas. Projetos que poderiam estar prontos em meses acabam por se arrastar durante anos, criando incerteza para promotores e investidores, e adiando soluções para as famílias. A simplificação administrativa, com processos mais claros e prazos efetivamente cumpridos, é fundamental para desbloquear o setor.

O segundo ponto é a inovação. Continuar a construir da mesma forma, com os mesmos métodos e materiais, não vai resolver a crise. O setor precisa de soluções que reduzam prazos, aumentem a eficiência e garantam qualidade e sustentabilidade. É aqui que entra o Light Steel Framing (LSF), um sistema construtivo que já se afirma como alternativa viável e que pode ter um impacto transformador no mercado português.

O LSF permite reduzir até 50% o tempo de construção, com prazos médios de seis a oito meses, face aos 12 a 18 meses da construção convencional. Para além da rapidez, garante maior eficiência energética, menos desperdício e redução de mais de 85% do consumo de água em obra. É também uma solução de maior durabilidade, com estruturas resistentes a sismos e humidades, e com uma vida útil superior à da construção convencional.

A adoção de tecnologias como o LSF pode ser decisiva para acelerar a resposta à crise. Com menos tempo de obra, maior previsibilidade de custos e melhor desempenho energético, conseguimos entregar mais casas em menos tempo e com melhor qualidade para quem as vai habitar.

A crise da habitação não se resolve apenas com intenções. Exige decisões concretas. Exige coragem política para simplificar processos e exige visão estratégica para apostar em inovação. Portugal não pode ficar preso ao modelo do tijolo e do betão, que já não acompanha as necessidades das famílias nem as exigências ambientais que enfrentamos.

Menos burocracia e mais inovação não são apenas palavras de ordem. São as condições mínimas para que consigamos dar uma resposta eficaz a uma crise que afeta milhares de portugueses. O futuro da habitação passa por construir melhor, de forma mais rápida e sustentável. O LSF mostra que é possível. Falta apenas vontade para o colocar no centro da solução.

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