No século XXI, projetar edifícios significa projetar impacto. Essa mudança de paradigma implica compreender o edifício não como um elemento isolado, mas como parte de um ciclo contínuo de recursos, energia e emissões. O setor da construção é responsável por cerca de metade dos recursos consumidos globalmente, 35% dos resíduos produzidos e 39% das emissões totais de CO₂.
Mais do que reconhecer a magnitude desses números, é essencial compreender a sua distribuição: aproximadamente 70% das emissões estão associadas ao carbono operacional — resultante da utilização e manutenção dos edifícios —, enquanto 30% correspondem ao carbono incorporado, proveniente da extração e transformação de materiais, transporte e processos construtivos.
Esta consciência transforma a forma como arquitetos, promotores, investidores e demais agentes do setor devem avaliar o desempenho e a rentabilidade dos projetos, integrando critérios ambientais e de ciclo de vida como parte fundamental da prática arquitetónica contemporânea.
Para diminuir a pegada ambiental da construção, estão já em marcha dois grandes eixos de transformação. Todo o setor terá de mudar, adaptar-se e evoluir — acompanhando a nova regulamentação e uma nova forma de trabalhar.
Eixo 1 — Eficiência Energética & Renovação: o valor da performance
Até 2030, todas as novas construções deverão atingir carbono operacional próximo de zero, enquanto 80% dos edifícios de baixo desempenho energético deverão ser renovados, de modo a reduzir as emissões em 50% face a 1990.
Eixo 2 — Sustentabilidade & Economia Circular: projetar para o recomeço
Este segundo eixo desafia o setor a encarar o edifício como matéria viva. Projetar para a desmontagem, prever a reutilização, escolher materiais duráveis e de baixa manutenção, e cadeias de abastecimento responsáveis. Tudo decisões que prolongam a vida útil do investimento e reduzem custos no fim de ciclo.
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