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Avança o projeto do El Corte Inglés na Boavista

Avança o projeto do El Corte Inglés na Boavista

A antiga estação ferroviária da Boavista, no Porto, vai mesmo dar lugar a um novo centro comercial El Corte Inglés, segundo o despacho já publicado em Diário da República.

A estação será demolida no âmbito da desafetação do domínio público de vários edifícios da Infraestruturas de Portugal no local, depois de a IP e o El Corte Inglés terem celebrado, a 21 de setembro, o quinto aditamento ao contrato promessa de constituição de direito de superfície, decorrente do Pedido de Informação Prévia (PIP) aprovado em 2020 pela Câmara Municipal do Porto.

De acordo com o Ministério das Infraestruturas e da Habitação, em resposta a uma questão do grupo parlamentar do BE, segundo a avaliação feita pela Direção-Geral do Tesouro e Finanças, este projeto representa um investimento de 52,6 milhões de euros. «O montante estabelecido de preço para a constituição do direito de superfície a favor do El Corte Inglés para o Lote 1 é de 29.444.510,46 euros», esclarece.

O PIP aprovado prevê também a compatibilização com o projeto da Metro do Porto em curso para o local, e salvaguarda uma área de 697 metros quadrados para a futura edificação da sede social da empresa.

O Negócios recorda que o El Corte Inglés já pagou 19,97 milhões dos 20,82 milhões de euros fixados há mais de 20 anos, tendo por base um PIP aprovado no ano 2000 pela Câmara Municipal do Porto.

O projeto avança não sem contestação. Este fim-de-semana, dezenas de manifestantes concentraram-se no local contra o projeto, defendendo a criação de um jardim e a preservação do património da IP. Francisco Alves, membro do Movimento por um Jardim Ferroviário na Boavista, considera que «é aberração construir isto [El Corte Inglês] na Boavista, zona que está tão poluída e congestionada, por isso, o ideal seria transformar este terreno num jardim público». Defende que a operação será prejudicial ao comércio local, e que seria importante criar mais áreas verdes, ao invés da construção.

No entanto, o Presidente da Câmara Municipal do Porto recorda que não há recuo possível. Em entrevista ao Público, lembra que em 2013 inscreveu no seu programa eleitoral a intenção de criar um jardim no terreno em causa, ideia que pressupunha que a IP estivesse «na disposição de fazer contas com o El Corte Inglés», algo que nunca aconteceu, tornando essa ideia impossível: «não podemos fazer disto um drama. Também não era um drama ter um jardim. O que a cidade não vai seguramente fazer é, por pressões de determinados grupos ou razões eleitorais, o mesmo que aconteceu lá atrás, e depois pagar indemnizações como no Parque da Cidade. Isso não. A cidade não vai pagar».

Rui Moreira defende que a instalação do El Corte Inglés pode significar a revitalização desta que é uma das «zonas mais decadentes da cidade». E lembra que «em Vila Nova de Gaia o impacto do El Corte Inglés foi positivo para todo o comércio à volta. Um pouco como uma loja âncora num centro comercial».

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