Apresentado esta terça-feira, o research produzido pela JLL Portugal desmistifica a ideia de que a construção de um edifício sustentável é muito mais cara e, focando no mercado de escritórios, revela que o investimento adicional exigido para implementar medidas de sustentabilidade varia entre 1% a 5% face a um imóvel semelhante onde tais padrões não sejam aplicados. Em contrapartida, uma certificação “verde” pode representar um prémio adicional de rendas entre 6 a 11%, ao mesmo tempo que garante poupanças nos custos operacionais que podem ir aos -50% no caso dos consumos de energia, aos -40% nos consumos de água e de -70% na produção de resíduos.
Este tipo de imóveis tenderá também ter um melhor desempenho comercial e ocupacional. Além das rendas mais elevadas, os edifícios mais sustentáveis geralmente estão também associados a menores incentivos e à atração e retenção de ocupantes com um perfil mais sofisticado, bem como ao facto de geralmente envolverem tempos menores de comercialização – contribuindo para uma menor taxa de desocupação.
A equipa da JLL destaca ainda a evolução em curso na própria indústria da construção, contribuindo para que os custos associados ao investimento em sustentabilidade tendam a reduzir à medida que os padrões que lhe estão associados sejam cada vez mais um requisito básico. E é preciso também considerar que o não investimento num imóvel com certificação de sustentabilidade poderá ter um custo futuro muito mais elevado, pois não só é expectável a depreciação do valor de um imóvel não sustentável no tempo, como o aumento da carga fiscal que penalize edifícios com emissões de carbono excessivas. Ou seja, enquanto os edifícios “não sustentáveis” deverão ver o seu valor diminuir ao longo do tempo, no caso dos edifícios sustentáveis o efeito será o aposto, com a JLL a projetar incrementos entre 15% a 20% no valor dos ativos.
«A sustentabilidade passou a ser o mainstream no mercado imobiliário»
«A sustentabilidade passou a ser o mainstream no mercado imobiliário. Não só tem um impacto positivo no meio ambiente e nas pessoas e respetivas comunidades como, ao mesmo tempo, aumenta o valor dos ativos imobiliários», conclui Joana Fonseca, Head of research da JLL Portugal.
Ainda assim, «continua a existir uma perceção errada do custo/benefício dos edifícios sustentáveis em Portugal, pelo que estes dados são críticos para perceber o impacto financeiro de um ambiente construído mais sustentável e para apoiar as melhores decisões. Este estudo pretende precisamente mostrar que os edifícios sustentáveis fazem sentido não pelo seu impacto ambiental positivo, mas também porque geram retornos financeiros efetivos: mitigam risco, baixam custos operacionais, aumentam o prémio das rendas e comprimem as yields, assim resultando num maior valor de venda do imóvel.», acrescenta o diretor geral da JLL Portugal, Pedro Lancastre.
«Apesar da pandemia e tudo mais, 2020 foi também um ano sem precedentes no que toca ao comprometimento das empresas com o meio que nos rodeia, com a definição de políticas ESG [Environmental, Social and Governance] e o estabelecimento de metas ambiciosas de descarbonização: Mas, mesmo assim constatamos é que 80% dos nossos clientes acaba por não ter ideia de como podem efetivamente acionar estes objetivos», disse ainda Guy Grainger, Global Head of Sustainability Services & ESG JLL. Por isso, a par com a necessidade de haver mais e melhor informação disponível sobre este tema, o responsável global defende também que «as empresas têm a responsabilidade de avaliar e reportar devidamente a sua pegada no mundo para, a partir daí, poderem agir em conformidade com as suas políticas e trabalharem em prol desse compromisso com a comunidade e o ambiente. Pois, se queremos um mundo melhor, teremos também de adaptar o mundo imobiliário em conformidade com as novas metas», concluiu o responsável.