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Investidores adaptam-se a procura crescente por edifícios mais sustentáveis

Investidores adaptam-se a procura crescente por edifícios mais sustentáveis

A maior parte dos investidores imobiliários prevê que a procura por edifícios mais sustentáveis, por parte dos arrendatários, vai continuar a crescer, e muitos deles já se preparam para mudar a sua estratégia de carteira para o Environmental, Social and Governance (ESG).

É o que revelam os estudos recentes da CBRE sobre este tema, segundo o qual 83% dos investidores inquiridos antecipa este aumento da procura, e 54% prepara-se para mudar a sua estratégia para ESG.

Com base nos relatórios “Guia ESG para ocupantes: Agenda ambiental, social e de governança na ocupação de um imóvel”, dedicado a ocupantes, e “ESG & Imobiliário: 10 principais factos que os investidores necessitam saber”, direcionado a investidores, a CBRE identificou as 10 considerações de ESG mais importantes para os investidores imobiliários, analisando as últimas tendências, inovações e requisitos regulatórios do setor.

“Verde” é o novo normal obrigatório

Do lado dos investidores, o ESG ganha preponderância no modo como as empresas operam e incorpora considerações em todas as fases do ciclo de vida do imóvel, da due dilligence às aquisições, do arrendamento à gestão de ativos.

A CBRE avisa que as metas de poupança de energia e de carbono zero «são o novo normal», com um aumento de pressão sobre os proprietários, operadores e ocupantes para que reduzam a sua pegada. «Embora os esforços para a redução de carbono possam não gerar retornos de investimento mais elevados, desempenharão um papel importante na preservação do valor patrimonial à medida que os ocupantes evitam, cada vez mais, imóveis com um desempenho ambiental inferior ao padrão».
Segundo a consultora, aumenta o fosso entre o “green premium” e o “brown discount” no arrendamento, com mais evidências de que os edifícios verdes geram rendimentos mais elevados do que os restantes comparáveis. «O impacto ao nível das receitas para os investidores é que os eco-edifícios geram rendas e valores de capital mais elevados, ao mesmo tempo que incorrem em menores custos mensais de exploração e manutenção», pode ler-se no relatório.

Também na construção há maior consciência dos impactos ambientais, um setor responsável por quase 40% das emissões globais anuais de carbono. Os investidores podem optar por materiais mais sustentáveis, como a madeira, com custos que podem ser iguais ou menores aos da construção com materiais convencionais.

A CBRE alerta também que a tecnologia será crítica para alcançar estas metas ESG: «à medida que aumenta o foco no ESG, a tecnologia desempenhará um papel fundamental na criação de mudanças significativas e duradouras nas práticas e carteiras de investidores, melhorando a recolha e comunicação de dados ESG. Estas tecnologias incluem plataformas de gestão de dados para armazenamento e processamento de dados ESG, plataformas de monitorização para agilização dos processos de revisão e entrega de relatórios ESG, e plataformas baseadas em PropTech para melhorar a experiência do arrendatário».

Cristina Arouca, diretora de Research da CBRE, destaca que «as considerações retiradas destes estudos ajudarão os líderes do imobiliário corporativo a descobrir oportunidades para avançar em direção a um futuro mais sustentável. Estas oportunidades existem em cada um dos estágios de vida de um imóvel, e só podem ser alcançadas de forma otimizada quando coordenadas através de um espectro amplo de todas as partes interessadas».

E conclui que «embora as considerações ambientais sejam as mais óbvias, também exploramos o impacto social que os líderes do imobiliário corporativo podem causar através das suas organizações».

Planear, Transacionar, Construir, Gerir, Medir

Do lado dos ocupantes, a CBRE considera que há vários momentos de decisão ao longo do tempo de vida do imóvel em que têm oportunidade de realizar ações que melhorem as suas metas ESG, nomeadamente usando a metodologia Planear - Transacionar – Construir – Gerir – Medir para desenvolver as considerações ambientais que devem ter em mente durante a ocupação do imóvel.

A fase de construção é o momento ideal para incorporar critérios de sustentabilidade, por exemplo decidir se a abordagem mais sustentável é um projeto build-to-suit ou uma renovação.

Já a gestão operacional do imóvel é «o ponto de ligação para influenciar um futuro mais sustentável». Nesta fase, os ocupantes devem manter os esforços de sustentabilidade em mente.

Com a medição, é possível desenvolver objetivos mensuráveis e análises comparativas. Todas as partes interessadas valorizam as métricas de desempenho, que permitem ter uma visão de como a estratégia de negócios de uma empresa e as iniciativas de ESG reduzem os riscos e impulsionam o sucesso da organização.

Bernardo Freitas, Diretor de Sustentabilidade da CBRE , explica que «a abordagem que propomos contém recomendações de ação específicas para cada fase da ocupação de um edifício, na perspetiva do ocupante. Nem todas serão aplicáveis em todas as ocasiões e, mesmo quando o forem, é importante manter a flexibilidade para adaptar as ações a cada conjunto único de circunstâncias. As recomendações reforçam ainda mais a necessidade de uma precisão de medição que avalie as características de custo-benefício de diferentes ações, quando as restrições de recursos impedem a realização de todas».

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