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Entrevista a André Caiado, CEO & Owner da Contacto Atlântico

Entrevista a André Caiado, CEO & Owner da Contacto Atlântico

Em primeiro lugar, as apresentações. Para quem não conhece o nome da Contacto Altântico, entre os projetos mais recentes qual elegeria como cartão de visita do vosso trabalho?

O Quarteirão da Pastelaria Suíça no Rossio em Lisboa. Porque a aprovação nasce da capacidade de, respeitando o património, obter o acordo de todos os envolvidos ( e eram muitos) no sentido de obter uma licença de obra.

Onde onde podemos encontrar o ateliê e a equipa?

Estamos sedeados no Estoril, tendo como endereço o nº6912 da Avenida Marginal.

É a partir daí que a nossa equipa, composta por 30 pessoas, desenvolve projetos para os mais variados segmentos imobiliários, da habitação à reabilitação habitacional, escritórios, logística, hotéis e resorts, hospitais e terceira idade, retalho, luxo, restauração.

Quais as principais características que marcam as vossas obras?

Qualidade do projeto, respeito pelas decisão do cliente, criação de mais valias, abordagem BIM, uso de soluções tecnológicas na construção, eficácia do licenciamento, acompanhamento da promoção até que o cliente tenha resultados económicos positivos.

E, entre os projetos mais emblemáticos do vosso portfólio, quais destacariam?

Na área da reabilitação, o do edificio do Diário de Noticias (habitação), na avenida da Liberdade, e o Quarteirão da Suiça Rossio (retalho), também em Lisboa; e, no Porto, a CGD no nº 2 Praça da Liberdade (retalho). Nos escritórios, destacaria a torre Fernão de Magalhães Expo, e na logística um projeto de 120 000 m2 na Azambuja. Fizémos também várias lojas de luxo na avendia da Liberdade, em Lisboa, nomeadamente a Prada, Luis Vuitton, Max Mara, Miu Miu, Maximo Dutti. Armani. Já nos equipamentos, incluiria o Clube Naval de Cascais.

Cumprido um ano desde a chegada da Covid-19, como têm sentido o impacto da pandemia no mercado da arquitetura? E, especificamente, na prática do vosso atelier?

O principal impacto foi o confinamento e a impossibilidade de expressar pelo desenho as nossas ideia aos colegas durante o desenvolvimento do projeto.

De forma mais geral, no nosso mercado sentimos um abrandamento na área hoteleira, e uma crescimento na logística.

Atualmente, quantos projetos têm em carteira? E quais as perspetivas ao nível de novas encomendas para este ano?

Temos em carteira vários projetos habitacionais de media e grande dimensão, edifícios de escritórios, hotéis, retalho e logística, geograficamente distribuídos junto aos grandes centros urbanos ou no litoral.

As perspectivas de encomendas são boas, uma vez que estamos a ser vacinados e também estamos a recuperar quando fomos infectados, mas principalmente porque existe uma sensação global de que estamos a derrotar o Covid-19 e de que tudo se vai normalizar. Tendo em conta o tempo de produção do imobiliário (três anos) este é um fator que tenta prever o futuro e por isso não está parado.

Olhando para o estado atual do mercado imobiliário e da construção, onde identificam o maior potencial de crescimento em Portugal?

Na reabilitação das nossas cidades, na habitação para arrendamento e na área de logística, onde ainda há muito que fazer em Portugal. Por outra parte o turismo vai voltar com enorme força, para além de que o número de expatriados que vão decidir criar raízes em Portugal vai aumentar enormemente no cenário Pós-Covid.

Nesta fase, o mercado continua muito voltado para a reabilitação e a regeneração urbana. A seu ver, qual é o papel do arquiteto nesse processo que, afinal, é uma prioridade a nível nacional?

Portugal ainda tem muito para reabilitar, e regenerar. Uma atitude conscienciosa do arquitecto deve privilegiar sempre que possível este tipo de intervenção porque esta mantém a nossa identidade e as características única das nossas cidade. Intervir nesta áreas com o acompanhamento da DGPC, é um garante da manutenção dos nossos valores e da nossa cultura. Protegemos não só o património mas também o planeta porque reabilitar tem uma pegada de carbono / impacto nos recursos do planeta menor.

Outra questão-chave e que é cada vez mais incontornável é a sustentabilidade do edificado, não só do ponto de vista energético, mas também ambiental e social. Como é que a arquitetura deve contribuir para este desígnio?

Hoje no nosso atelier estamos a projetar edifícios verdes numa estratégia de SEG, em que os sistemas de aquecimento de águas quentes sanitárias se pagam em dois anos de operação, em que os painéis solares fotovoltaicos se pagam em seis a oito anos de operação e em alguns casos estamos a desenhar edifícios em que conseguimos produzir mais energia que a que consumimos no final do ano.

Cerca de 35 a 40% da energia gasta no planeta é gasta nos edifícios, hoje é não só correto do ponto de vista ambiental reduzir este valor, e faz sentido em termos de ESG, mas é também economicamente vantajoso. Vale a pena a todos olharmos para as oportunidades de vestir a camisola, defendendo a qualidade energética do espaço construído e ao mesmo tempo o planeta, beneficiando assim todos os cidadãos.

Tendo em conta o estado atual do parque edificado nacional, quais devem ser as prioridades para o tornar mais sustentável?

Primeiro reabilitar energéticamente o espaço construído, segundo construir conscientemente, tendo em conta os seguintes pontos: isolamento das coberturas, instalação de sistemas de aquecimento de água por energia solar nas coberturas, substituição de janelas por janelas mais eficientes, isolamento exterior (capoto), instalação de painiés solares fotovoltaicos, consciencialização energética dos utilizadores.

Quando prescreve os materiais de construção, que características tem em consideração?

Que sejam de origem Portuguesa, que sejam duradouros. que sejam reciclados ou recicláveis, que sejam amigos do ambiente.

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