A sessão “Uma cidade tecnológica como fator de valorização imobiliária”, que decorreu no primeiro dia da Semana da Reabilitação Urbana do Porto, levou a palco a forma como tecnologia, sustentabilidade e inclusão estão a moldar o imobiliário, das smart cities às smart homes, e o impacto que isso tem na atratividade das cidades para famílias e investidores.
Na abertura, João Maia, General Manager da BrightCity, operadora de edifícios inteligentes e autossustentáveis resultante da parceria entre a Sonae Sierra e a NOS, explicou que a empresa atua na gestão técnica de ativos, sublinhando que “o que nos move são estas novas soluções tecnológicas, que podem ser a ponte entre o presente e a neutralidade carbónica em 2050”, objetivo que a BrightCity “incorpora na sua missão enquanto empresa”.

Seguiu-se Cláudia Patrícia dos Santos, Head da NOS Smart Home, para quem a tecnologia residencial é cada vez mais uma exigência do mercado. Defendeu que integrar soluções de casa inteligente “começa a ser um ‘must have’ na promoção imobiliária”, recordando que “constroem-se hoje as casas de amanhã” e que estas soluções “acrescentam valor ao projeto”. Uma smart home, salientou, é uma casa “mais segura, com maior controlo dos ambientes, proteção contra riscos como água ou fogo, maior eficiência energética, conforto e conveniência”, tudo gerido através de uma única aplicação e com apoio técnico contínuo da NOS.

Mesa-redonda
Na mesa-redonda, moderada por Ricardo Luz, Civitta Expert Partner e EBAN Vice-President, João Caiado, board member da Contacto Atlântico, salientou que “a questão da smart home é muito importante, o cliente de luxo é mais exigente, tem mais necessidade tecnológica, mas também é muito útil pela questão da poupança de tempo”. Admitiu que incorporar estas soluções em reabilitação urbana “é um desafio, cada projeto é um projeto”, acrescentando que “tem de ser pensado logo desde o início, e é nesse sentido que aconselhamos sempre os nossos clientes”. Olhando para o futuro próximo, antecipou que “vamos ter robots em casa, a lavar a roupa e a loiça”, o que acrescentará complexidade em termos de conectividade e desenho dos espaços, e que “as casas terão de ser adaptadas a receber estas tecnologias”. Quanto ao Simplex, mostrou-se cético quanto à obrigatoriedade do BIM em 2030, que “já vem tarde” face ao que se faz internacionalmente.
Paulo Calçada, CEO da Porto Digital, disse que “a tecnologia está cada vez mais presente na construção” e que a própria cidade pode “comunicar com os eletrodomésticos, tendo em conta o consumo da cidade, por exemplo”. Recordou um sistema com a Bosch que utilizou termoacumuladores como forma de armazenamento de energia, exemplificando a importância desta interligação “para a gestão da cidade, da higiene urbana e de outros serviços”. Destacou que o Porto tem conseguido “marcar uma posição interessante para desenvolver um modelo de referência”, através de um trabalho “pouco conhecido, mas silencioso”, na criação de plataformas abertas e interoperáveis para uma cidade mais inteligente, reconhecendo que “há muitos desafios”, mas também “uma boa oportunidade para os enfrentar e olhar para o futuro com otimismo”.

João Santos, CEO da BSH, em representação da Bosch, reforçou o peso da confiança na adoção tecnológica, sublinhando que a marca é “sinónimo de qualidade” e que “o benefício da tecnologia é fundamental”. Destacou ainda o papel das aplicações digitais, que tornam a tecnologia “cada vez mais percetível e utilizada”, e referiu que a manutenção “é também um fator de sucesso e de valor acrescentado”.
Do lado da gestão de edifícios, Miguel Moreira, general manager da Sapore, admitiu que “ainda haverá um desfasamento entre o real impacto destas tecnologias e a sua perceção no mercado”, embora no imobiliário comercial o efeito seja já evidente “nos custos e na gestão dos edifícios”. Nas certificações, apontou, é hoje “muito importante ter dados”, nomeadamente de consumos energéticos, uma vez que “no final do dia, é necessário reportar os consumos a todo o momento”.