A reabilitação urbana é um dos segmentos de atividade do Grupo Casais. Em entrevista à Vida Imobiliária, António Carlos Rodrigues, CEO do Grupo Casais, considera que este segmento «perdeu peso nos últimos anos devido à subida dos custos provocada pela escassez de mão de obra qualificada e pelas crescentes exigências regulamentares que se aplicam a este tipo de intervenções».
No entanto, «por mais construção nova que se faça, ela soma para o património edificado. É nesse património edificado que deveria estar o maior foco da construção. A reabilitação urbana é um dos segmentos relevantes para algumas das empresas do Grupo Casais, como é o caso da Constru que tem uma prevalência grande de projetos deste tipo, em especial nos centros das cidades», completa.
“Um segmento estratégico e com grande potencial de crescimento no mercado nacional”
Os desafios do setor «são grandes», mas o grupo acredita que, por exemplo, «em termos de mercado a solução para a habitação terá de ser composta por diversas soluções e a reabilitação urbana será uma delas». Quanto às soluções desenvolvidas pela Casais para fazer reabilitação de edifícios é a «utilização de soluções estruturais que se adaptam às dimensões e características de cada obra, permitindo também um menor impacto na via urbana», bem como a «utilização de um pacote de soluções pensadas e desenvolvidas para aumentar a eficiência energética do mesmo».
António Carlos Rodrigues destaca o projeto do Hotel Hilton Porto-Gaia, «que é uma obra que marca o nosso portefólio, pela construção complexa e de elevada dimensão. Trata-se de um hotel de cinco estrelas, com 194 quartos, onde o resultado final está alinhado com o padrão de qualidade exigido por um hotel desta marca». O responsável destaca ainda o Hotel M.Ou.Co., no Porto, «que marcou-nos enquanto projeto de reabilitação, tendo inclusivamente sido reconhecido como Prémio Nacional de Reabilitação Urbana 2022. Este projeto contribuiu para requalifica uma zona já muito degradada da cidade do Porto e que mantém a traça industrial».
“O tema da sustentabilidade está totalmente ligado àquelas que são as nossas práticas e estamos na linha da frente nesse processo, com o intuito de liderar a transição verde no setor”
«Mais do que esperar pedidos do mercado por soluções sustentáveis, começámos por apresentá-las. Já há alguns anos que começámos a utilizar madeira nas nossas construções e a industrialização foi também iniciada antes do mercado nos solicitar. A taxonomia e as exigências que a união europeia e os bancos estão a colocar vão determinar de forma mais clara que o único caminho é o da sustentabilidade», frisa António Carlos Rodrigues.
Para o responsável pela construtora bracarense., um dos grandes desafios é «dar resposta à procura, sobretudo quando acontece em grande escala e de forma muito rápida. Alguns processos continuam a ser morosos e a demora no licenciamento traduz-se também muitas vezes na demora na construção. Por este motivo, alguns dos projetos falham a oportunidade de mercado. Acreditamos, por isso, que para implementar esta transição verde no setor é necessário mudar o mindset da indústria e das instituições».
O Simplex «aponta uma direção, mas é todo um processo que também demora o seu tempo até criar impacto, apesar de ser passo relevante. É necessário alterar algumas perceções, perceber a pertinência da construção industrial, por exemplo, e, para isso, investir também na qualificação do talento e capacitar os profissionais. É necessário alterar o modo de operação das empresas».
Espaço urbano “pode ser reabilitado de duas formas”
O espaço urbano pode ser reabilitado de duas formas, segundo António Carlos Rodrigues: «por manutenção do espaço existente ou por demolição com construção nova com maior densidade. No primeiro caso, é necessário que exista muito maior flexibilidade nas regras (por exemplo, a lei das acessibilidades não permite de forma viável e económica fazer algumas reabilitações do edificado existente)».
A segunda forma, «a demolição para construção nova exige mais pisos, de forma que os metros quadrados adicionais acomodem e diluam o custo do solo e do edificado pré-existente. A densificação das áreas urbanas principalmente se forem realizadas numa ótica de mix-use, tem impactos positivos em termos de redução dos custos com a mobilidade e isso pode tornar os centros urbanos mais acessíveis e agradáveis».