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Reabilitação de excelência passa por (re)capacitar Lisboa

Reabilitação de excelência passa por (re)capacitar Lisboa

A primeira sessão do último dia da Semana da Reabilitação Urbana de Lisboa 2022, teve como objeto de reflexão e conversa a “A Reabilitação do património como fator de valorização da cidade”.

Alexandre Costa, Partner na NCREP, o primeiro orador a subir à plataforma, apresentou à audiência um caso de estudo da NCREP, acerca do “Património vs Reabilitação Estrutural”. Com uma «análise de impactos da realização estrutural, segundo uma metodologia integrada de projeto, conseguimos reduzir até 85% de emissão de CO2» declarando que «quando olhamos para o património, temos que olhar para a envolvente do nosso caso de estudo, com uma perspetiva mais abrangente».

Cláudia Pinto, Coordenadora do Programa ReSist, introduziu e contextualizou o programa ReSist, um «programa inovador que integra vários fatores da sociedade». Reforçando a necessidade de capacitar a cidade de Lisboa, de forma a resistir aos impactos dos fenómenos naturais «construindo cidades e comunidades resilientes», este conjunto de «falhas geológicas» pode gerar um impacto na cidade de Lisboa, «devemos estar muito próximos de ter um grande sismo. Temos de considerar a ocorrência do mesmo, o impacto pode ser elevadíssimo. Como nos preparamos o melhor possível? Preparando a população e o parque edificado. Lisboa é uma cidade antiga, sem qualquer controle antissísmico, os edifícios não foram construídos visando esse controle. Apresentam inúmeros problemas e patologias». O programa tem assim  objetivos como a clarificação e normalização, o diagnóstico do estado dos edifícios, critérios de alerta e priorização de intervenção e campanhas de sensibilização da sociedade.

Nelson Moreira, Diretor Técnico da MAPEI, refere ainda que, aquando do projeto de restauro do Battistero Di San Giovanni, «temos de fazer uma cuidadosa análise visual, a identificação das causas que determinou a degradação e analisar o estado de construção do edifício. Depois, temos de fazer a parte da Preconização, a identificação do produto e/ou sistema mais adequado».

Com a moderação de Inês Flores-Colen, Presidente da GECoRPA - Grémio do Património, deu-se início à mesa redonda de debate, onde houve o desenvolvimento de questões ligadas ao tema da sessão. José Carlos Bessa, Chefe da Divisão de Salvaguarda do Património Arquitetónico da DGPC, um dos oradores presentes, alega que há que encontrar «um ponto equilíbrio entre os valores de salvaguarda e os valores de conforto, que os edifícios têm de corresponder», salientando que «não pode haver destruição e desmontagem do valor dos edifícios. Temos de lutar pela autenticidade dos edifícios».

Além disso, acredita que se tem assistido «a uma evolução muito grande de todos os intervenientes. Estamos convictos de que, hoje em dia, salvaguardar o património é mais fácil com estas equipas e promotores, do que há 9 anos. Estamos cada vez mais formatados para estas realidades. O mercado já percebeu que a reabilitação é fundamental».

Joana Leandro Vasconcelos, Arquiteta no Atelier in.vitro, considera que «se conseguirmos uma reabilitação de excelência garantimos, por si só, o investimento do investidor, que é atraído de uma forma económica, temporal e patrimonial» referindo três pressupostos que têm «peso no resultado da reabilitação» e salvaguardam uma «reabilitação de excelência», são estes «a escolha do programa, de uma equipa projetista multidisciplinar e do empreiteiro certo».

Carlos Mesquita, Diretor Técnico da OZ, destaca que a iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa, na criação do programa ReSist, é «louvável», sendo o diagnóstico «fundamental com o suporte de qualquer dimensão. Está presente em todas as avaliações urbanísticas». Reforça ainda que é vital «avaliar a resistência da estrutura metálica, caracterizar as fundações e o terreno. Assim, estamos em condições de analisar, analiticamente as anomalias, e ter em conta na definição das soluções».

Fernando Pinho, professor da FCT NOVA, sublinha ainda a questão da investigação científica como sendo algo «fundamental e está presente em vários pontos aqui já referidos. Nós trabalhamos em vários projetos de investigação que têm contribuído para enriquecer a qualidade final do projeto».

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