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Industrialização é "grande contributo" para enfrentar desafios da construção



                      Industrialização é "grande contributo" para enfrentar desafios da construção
Sessão "Construção 4.0: o BIM e a industrialização".

A construção modular e a industrialização da construção são a forma mais rápida e eficaz de reduzir custos e tempos e, por isso, parte da solução para trazer mais casas que os portugueses podem pagar. A partir de janeiro de 2026 será obrigatória a utilização da Plataforma Eletrónica dos Procedimentos Urbanísticos, onde todos os pedidos serão submetidos em formato Building Information Modeling (BIM). Estarão os técnicos e municípios preparados para esta mudança? Na sessão "Construção 4.0: o BIM e a industrialização", que teve lugar no dia 9 de abril, durante a Semana da Reabilitação Urbana de Lisboa, técnicos e municípios expressaram as suas opiniões sobre este tema.

"Fazer mais rápido, mais económico e mais sustentável "

António Monteiro, Managing Partner da A400, destacou a importância de transformar o futuro com engenharia, tecnologia e sustentabilidade. «Fazer mais rápido, mais económico e mais sustentável é o nosso objetivo na A400», afirmou. O responsável enfatizou que «nas primeiras fases do projeto, é crucial fazer uma análise crítica do ciclo de vida do edifício para trazer as melhores opções para o mesmo».

Manuel Collares-Pereira, Scientific Advisor da Vanguard Properties, sublinhou a necessidade urgente de descarbonizar a economia e destacou o papel crucial do setor da construção nesse processo. «Precisamos de sequestrar carbono da atmosfera e armazená-lo», afirmou. O responsável ressaltou que 40% das emissões totais de CO2 podem ser atribuídas ao setor dos edifícios, sendo «um desafio enorme para o setor da construção, mas se tivermos uma solução para o assunto vamos ter um impacto muito grande sobre aquilo que se passa».

Miguel Azenha, Professor na Universidade do Minho, deixou alguns «avisos importantes» aos presentes, salientando a importância do envolvimento direto e indireto dos municípios – também no código da construção e a necessidade de profissionalização e investimento BIM. Destacou ainda as oportunidades, como a redução do tempo de apreciação, a gestão de expetativas investidor vs município e divisões de licenciamento com mais tempo de planear a cidade.

Pedro Santos, Technical Manager da Reynaers Aluminium, destacou o compromisso da Reynaers Aluminium em «reduzir as suas emissões diretas e indiretas até 2030». O responsável enfatizou ainda que «a circularidade reduz a pegada de carbono em todo o ciclo» e que «é possível reduzir o nível de carbono incorporado nos edifícios».

O BIM e a industrialização

Na mesa-redonda de debate, diversos especialistas discutiram o impacto das novas tecnologias e abordagens na disponibilização de habitações acessíveis no mercado. Ao ser questionado pelo moderador Ávila e Sousa, Diretor Técnico do Grupo Preceram, se esta transformação tanto no setor digital como na estabilidade da industrialização na construção vai promover a colocação de casas a preços acessíveis no mercado, Miguel Azenha salientou que, «do ponto de vista académico, a transformação tem potencial para tornar a construção mais competitiva, depois o mercado dirá», acrescentando que «estamos numa fase em que é difícil dar números para esta industrialização, vai ser preciso gerir expetativas de quem está do lado de lá, de quem compra».

Por sua vez, Pedro Santos considera que «sustentável não é sinónimo de mais caro. Associa-se muitas vezes isso». O Technical Manager da Reynaers Aluminium destacou que «fatores externos, como a escassez de mão de obra qualificada, podem ter um impacto maior nos custos». Os custos, na sua base, «não são um driver ou tampouco problema a nível da sustentabilidade», acrescenta.

"A industrialização veio para ficar; que seja um grande contributo para resolver os desafios do setor da construção"

Bento Aires, presidente da Ordem dos Engenheiros Região Norte, destacou que «a industrialização veio para ficar e pode contribuir significativamente para resolver os desafios do setor da construção». A industrialização «A industrialização surgiu como resposta a um conjunto de circunstâncias presentes no mercado nacional imobiliário, sobretudo na engenharia da construção e na arquitetura: por um lado, existe a pressão para cumprir prazos de entrega, e por outro, a dificuldade extrema de acesso a recursos materiais e a mão de obra qualificada e não qualificada, o que obrigou um conjunto de empresas e promotores a encontrar formas de resolver estas circunstâncias negativas».

Através da apresentação do professor Miguel Azenha, Bento Aires comenta que «percebemos que existem duas formas de resolver estes problemas. Por um lado, temos o enquadramento parlamentar legal, que é lento e obsoleto. Por outro lado, temos a parte da produção, na qual o setor demonstra uma capacidade de independência muito maior para encontrar soluções».

"Colaboração, industrialização e digitalização "

Miguel Pires, Diretor de Negócio da TopBIM, Grupo Casais, abordou a problemática da escassez de mão de obra qualificada na construção e destacou a «necessidade de inovação e criação de produtos para superar essas dificuldades». O responsável enfatizou a «importância da colaboração, industrialização e digitalização para o futuro do setor da construção».

Gonçalo Martins, Administrador da Perfisa, Gonçalo Martins salientou a importância de utilizar fontes sustentáveis na construção para atingir os objetivos de neutralidade carbónica até 2050: «mais do que propriamente estarmos a utilizar fontes sustentáveis, temos de olhar ao facto de pensarmos em abordagens mais inovadoras de como fazemos a construção, para enfrentarmos os desafios atuais e garantirmos um mercado sustentável no futuro».

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