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Futuro dos edifícios inteligentes passa pela adaptação ao utilizador



                      Futuro dos edifícios inteligentes passa pela adaptação ao utilizador
Sessão "Energia, inovação e inteligência artificial – Uma revolução em curso".

A inteligência artificial representa um novo paradigma e traz consigo desafios para o nosso quotidiano. Como impactará a nossa relação com os espaços onde vivemos e trabalhamos? Esta foi uma das questões centrais da conferência "Energia, Inovação e Inteligência Artificial – Uma Revolução em Curso", inserida na 12.ª edição da Semana da Reabilitação Urbana do Porto.

Na sua apresentação, Luís Gregório, Partner Technical Specialist da IBM, falou sobre a colaboração entre a Vida Imobiliária e a IBM, num projeto inovador, com o objetivo principal de potenciar a criação de valor para todos os assinantes e utilizadores da Vida Imobiliária. O resultado será a disponibilização de uma oferta de conteúdos ainda mais detalhados e alinhados com as necessidades de informação de quem nos consulta, através de um novo motor de busca, em linguagem natural, capaz de transformar informação estatística e, com ela, gerar conteúdos mais apelativos e personalizados. O responsável sublinhou que «o trabalho não acaba com a IA: esta ferramenta vem acelerar o trabalho do jornalista. Ajudar a fazer melhores notícias. Vem tornar as pessoas mais produtivas na execução das suas tarefas».

Ainda na vertente da tecnologia, Fábio Cordeiro Ferreira, Head of Product NOS Alarmes & NOS Smart Home, falou sobre a NOS Smart Home, uma casa inteligente assente numa proposta especialmente desenvolvida para os promotores imobiliários, que permite controlar, de forma integrada, o sistema de segurança e as funcionalidades de automação e eficiência energética.

"É importante que o cliente interaja diariamente"

O responsável referiu que «muitas vezes, os sistemas tradicionais de smart home são vistos como pouco úteis, por serem pouco utilizados, como acontece, por exemplo, no caso da segurança. Existe a perceção de que estes sistemas criam pouco valor para o cliente final. No entanto, essa não é a visão da NOS. As casas devem ser capazes de conhecer o cliente, as suas rotinas, ser híbridas, dinâmicas e orgânicas na aprendizagem desses hábitos, criando regras e possibilitando cenários que garantam maior segurança, conforto e envolvimento. A partir daí, o próprio cliente tem um maior envolvimento e utilização dos sistemas, o que também permitirá poupanças energéticas».

Mesa-redonda de debate

Na mesa-redonda de debate, os especialistas refletiram sobre como estas tecnologias estão a revolucionar o mercado, prometendo avanços significativos em conforto, segurança e eficiência energética. Sob a moderação de Ricardo Luz, Partner da CIVITTA e Business Angel, o debate contou com a participação de João Santos, CEO da BSHP, José Sá Carneiro, Diretor do Departamento Nacional de Serviço da Schmitt + Sohn Elevadores, Marta Ramos, Diretora de Marketing da Reynaers Aluminium, e Fábio Cordeiro Ferreira, Head of Product NOS Alarmes & NOS Smart Home.

"Estamos só no início da onda, vai ser enorme, e não temos ainda noção da dimensão"

«A Inteligência artificial vai acelerar muito, nomeadamente com a generativa. Estamos só no início da onda, vai ser enorme, e não temos ainda noção da dimensão», observou José Sá Carneiro, destacando o impacto da IA generativa e as suas amplas possibilidades de transformação no setor. Na sua visão, os avanços não estão limitados ao futuro distante: «Compliance e segurança de rede são extremamente importantes hoje em dia. Não há grande perigo de alguém conseguir hackear uma rede de elevadores, mas estamos a explorar novas fronteiras, e o futuro poderá ser desafiante

João Santos reforçou esta perspetiva, sublinhando o papel dos eletrodomésticos conectados como ferramentas para uma maior eficiência doméstica: «Ainda poucos eletrodomésticos são conectados, mas o potencial é imenso. Imagine-se poder pré-definir os aparelhos para funcionarem nas horas de menor consumo – é uma grande poupança e um passo importante para a sustentabilidade». O responsável acrescentou ainda que, a longo prazo, o acesso a estas tecnologias será inevitável e mais acessível: «A maturidade do mercado vai tornar estas soluções economicamente viáveis. Eventualmente, não será questionável ter um aparelho conectado, tal como os conteúdos on-demand são agora perfeitamente normais».

«Tudo tem de ser cada vez mais simples e adequado às nossas necessidades – seja na preservação, lavagem ou climatização da casa. O objetivo é que seja tudo mais rápido, automático e personalizado, sempre com resultados perfeitos», acrescentou João Santos.

A segurança e a eficiência no centro das inovações

Para Marta Ramos, as prioridades dos consumidores estão também a mudar, com a segurança e a proteção a ganharem terreno: «a proteção contra fogo, por exemplo, e a segurança infantil começam a ser mais procuradas. Há ainda muito trabalho a fazer nesta área, mas as necessidades dos clientes estão a guiar o desenvolvimento». Além disso, Ramos revelou que a IA está a ser implementada em diferentes áreas na Reynaers Aluminium: «estamos a usar IA de forma transversal entre vários departamentos. No entanto, no mercado, os testes de conceito demoram – o DigiTrace, por exemplo, levou cerca de três anos a ser desenvolvido».

Já Fábio Cordeiro Ferreira destacou a importância de compreender os perfis e hábitos dos utilizadores: «Importa perceber quem é o cliente, que perfis de utilização têm. Quais são os diferentes personas e como é que o cliente evolui ao longo do tempo? Saber isto permite-nos adaptar as soluções oferecidas e tornar os produtos mais relevantes para o dia a dia».

A melhoria dos processos e a automação também foram temas centrais para os intervenientes. Marta Ramos salientou a importância de otimizar a experiência dos parceiros: «O foco está principalmente nos serviços prestados aos nossos parceiros, como projetistas ou serralheiros. Queremos processos mais previsíveis e automatizados, algo que a tecnologia permite».

José Sá Carneiro, por outro lado, prevê uma transformação na gestão dos serviços de elevação. «A grande evolução estará, mais do que tudo, no serviço ao utilizador do elevador – a gestão de stocks, o apoio e o suporte técnico poderão ser drasticamente otimizados com a IA».

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