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Descarbonização: dicotomia entre oportunidade e desafio para as áreas urbanas

Descarbonização: dicotomia entre oportunidade e desafio para as áreas urbanas

Ao final da manhã desta quinta-feira, Augusto Ferreira Guedes, Bastonário da Ordem dos Engenheiros Técnicos, deu início à sessão que se debruçou sobre o tema “Mobilidade e edifícios – Cidades neutras em carbono?”.

Manuel Duarte Pinheiro, professor no Instituto Superior Técnico, introduziu à audiência dados estatísticos relativos à realidade das cidades, «hoje a população vive maioritariamente nas cidades, a nível nacional 66% vive nas cidades com tendência a crescer. Mais de 59% do PNB vem de múltiplas atividades existentes na cidade».

Expôs ainda que «o edificado, em termos de consumo energia, é responsável por 30% do consumo em Portugal. O nível das emissões de gases de efeito estufa é dos mais elevados de sempre. A descarbonização é assim um desafio para as áreas urbanas», por isso, «temos de olhar para a sustentabilidade, não de uma forma negativa, mas como um desafio, uma forma de abrir novos horizontes. A descarbonização é uma oportunidade para os edifícios e para as zonas urbanas, de modo a sermos mais eficientes.»

Na perspetiva da indústria dos automóveis, Holger Marquardt CEO da Mercedes Portugal, anunciou que «a pegada verde já teve início para a Mercedes-Benz Group», assumindo que entre 2022-2026 a Mercedes-Benz Group fará «um investimento de mais de 60 mil milhões de euros visando este um futuro que deve e que será mais estável.» Em 2021, a empresa apresentou quatro novos modelos totalmente elétricos e «a partir de 2022 iremos ter propostas elétricas em todos os segmentos onde nos encontramos» sendo, atualmente, a empresa número um em vendas de modelos eletrificados em Portugal.

Para Miguel Franco, Co-CEO da Schmitt & Sohn Elevadores, «estamos empenhados nas melhores soluções em termos de economia circular», hoje a mudança tem de «começar pelos mais novos e pelas escolas, para haver essa mentalidade.» Na opinião de Victor Ferreira, Presidente da Cluster Habitat Sustentável, há que «promover uma inovação centrada na sustentabilidade e por essa via uma maior competitividade nas empresas. A sustentabilidade é o mote para a inovação». Recordou ainda que «através da integração de diferentes entidades, de diferentes ramos, surgirá uma procura de novas soluções, de acordo com a sustentabilidade. Cada um de nós deve tentar otimizar dentro dos nossos setores visando a sustentabilidade, assim, com esta conjugação de esforços de todos os setores, é possível conseguir esta neutralidade. É um caminho possível.»

Rui Guimarães, Diretor Geral da Mota-Engil Concessões, acerca do tema da mobilidade, refere que «Portugal, hoje, tem uma rede excelente de interligação de cidades. Vencemos a questão da mobilidade entre cidades, agora temos de vencer a guerra da mobilidade dentro das cidades.» Para João Sousa, Professor e Vice-Presidente do Conselho da Profissão da Ordem dos Engenheiros Técnicos, existem ainda «algumas dificuldades na reabilitação urbana, os edifícios não estavam preparados para satisfazer as necessidades, tampouco preparados para estas novas tecnologias.».

António Monteiro, CEO da A400, sublinhou ainda que, «há grandes desafios na parte ativa, mas também na parte passiva dos edifícios. Tem que haver um cuidado diário aos nossos edifícios, senão desperdiça-se todo o esforço do nosso projeto», reforçando mais uma vez o facto de que «a educação e a cultura é algo que tem que ser trabalhado. Temos de envolver as empresas nas nossas universidades, alarmar para esta questão da sustentabilidade. Sentimos que a sociedade pode fazer mais.»

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