A crescente adoção da metodologia BIM nos processos de projeto, construção e gestão do edificado a nível nacional, está a despertar cada vez mais interesse em vários contextos e nos quais, até o momento, não havia desenvolvimentos relevantes. Um desses contextos é o autárquico, designadamente, na verificação automatizada de regras para licenciamento.
«A verificação automatizada de parâmetros normativos por meio de regras introduzidas nos sistemas computacionais tem-se mostrado eficiente, na medida em que reduz o tempo de verificação e análise dos projetos e ainda pode contribuir para aumentar a precisão dos resultados», explicou o professor Miguel Azenha, da Universidade do Minho, que falava no dia 23 de novembro, na IX edição da Semana da Reabilitação Urbana do Porto.
BIM é «um salto na digitalização dos processos»
Para António Monteiro, Managing Partner da A400, empresa que aplica o BIM na sua prática, desde há vários anos a esta parte, o emprego do BIM a novos contextos é «um salto na digitalização dos processos». Uma «resposta importante» quando o «grande desafio é sermos mais eficientes e económicos».
«O processo é difícil e complexo e o licenciamento com BIM a nível mundial não está assim tão implementado quanto seria desejável», reconheceu Miguel Azenha. Contudo, o interesse é crescente. E, por exemplo, Vila Nova de Gaia assume que «quer ser primeiro município na implementação deste software», afirmou António Miguel Castro, Presidente do Conselho de Administração da Gaiurb EM.
Para Hugo Santos Ferreira, Presidente da APPII, não há dúvida: «na hora de decidir investir ou não, o processo de licenciamento é um fator determinante».
«A morosidade do sistema de licenciamento não é um problema exclusivamente português», referiu Miguel Azenha, mas acrescentando que «a sua aceleração será certamente um fator de diferenciação». Para isso «são necessários mais recursos humanos e mais investimento em investigação. E também uma decisão mais central que torne possível a criação de uma equipa multidisciplinar com várias equipas, com empresas e universidades».
«Temos de acelerar a mudança!»
Francisco Rocha Antunes, Chair da ULI Portugal, aproveitou o momento para reforçar a importância de «acelerar a mudança». Na sua opinião «temos de evoluir e temos todas as condições para isso. Temos know-how e temos a tecnologia necessária». Na mesma linha também Aline Guerreiro, CEO do Portal da Construção Sustentável, reconhece que «estamos prontos para abraçar estas tecnologias».