opinião

Reabilitação Urbana: Um domínio no cerne da estratégia europeia e nacional

Reabilitação Urbana: Um domínio no cerne da estratégia europeia e nacional
Manuel Reis Campos
Presidente da CPCI e da AICCOPN

Esta edição ficará, inevitavelmente, marcada pelo impacto do surto pandémico, mas permitirá, sobretudo, debater a relevância da reabilitação na retoma da economia e na construção de um futuro mais sustentável.

“Regenerar, reabilitar, recuperar”, mote desta iniciativa, traduz bem aquela que é a visão global e abrangente que deve estar sempre presente quando abordamos esta temática. E, o Porto, é um claro exemplo do impacto positivo da Reabilitação Urbana, não apenas no território e no património construído, mas na própria dinâmica económica e social da Cidade. Estamos perante um vetor estratégico de transformação que vai muito para além da mera recuperação do espaço físico, permitindo potenciar os fatores endógenos de competitividade e gerar efeitos transversais e evidentes na generalidade das atividades económicas, como o comércio ou o turismo, bem como aumentar a capacidade de gerar emprego qualificado e de atrair investimento nacional e estrangeiro.

Estes são apenas alguns dos motivos que colocaram o setor e a reabilitação urbana no cerne da estratégia europeia de combate à crise gerada pela pandemia. No Plano de Recuperação e Resiliência, apresentado pelo Governo em Bruxelas, a Habitação é o eixo com maior expressão, prevendo-se iniciativas como um programa para a resolução das carências mais graves que há muito estão identificadas. No entanto, o investimento em reabilitação urbana não é, unicamente, uma forma eficaz de reativar rapidamente a economia, mas constitui, simultaneamente, um elemento essencial para que a sociedade possa atingir um desenvolvimento inclusivo e sustentável.

A este propósito recordo que, muito recentemente, a Comissão Europeia apresentou as bases da estratégia “Uma Vaga de Renovação para a Europa – Tornar os nossos Edifícios Mais Verdes, Criar Emprego, Melhorar as condições de Vida”. Considera a renovação e a reabilitação como “uma oportunidade única para repensar, redesenhar e modernizar os nossos edifícios, para os tornar mais preparados para uma sociedade mais verde e digital e para suportar a recuperação económica”. Esta Estratégia assume metas ambiciosas até 2030, como a duplicação das taxas atuais de reabilitação energética dos edifícios, a melhoria do desempenho energético de 35 milhões de edifícios ou a criação de 160 mil empregos “verdes” adicionais no setor da construção. A Comissão destaca ainda a renovação de edifícios enquanto “o maior criador de emprego por euro investido”.

A Reabilitação Urbana manterá um papel preponderante, não apenas no nosso país, como na restante Europa. E a Semana da Reabilitação Urbana do Porto, seguramente, permitirá a todos os intervenientes do Setor, identificar boas práticas e oportunidades, e um posicionamento competitivo perante um domínio essencial para o nosso futuro.

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