Os sinais estão presentes em diversas realidades, mas a sua transformação e concretização poderá vir a tardar no tempo, pois, como é normal nos investimentos imobiliários o processo de ajustamento não ocorre de imediato, ao contrário do que acontece com os investimentos financeiros em que os ajustamentos aos preços dos ativos e volumes transacionados ocorrem de forma quase instantânea, muitas vezes no espaço de poucas horas ou poucos dias.
E qual será essa “nova realidade”, ou esse “new normal” como será apelidado, que a pandemia vivida na Europa nos últimos 15 meses, nos trouxe?
A mais importante transformação será sem dúvida o medo dos espaços grandes, fechados e muito populosos que as pessoas têm vindo a sentir no seu viver diário com as restrições que as autoridades de saúde impõem. O gosto pelo mais pequeno, aberto, arejado e com menos pessoas será sem dúvida uma futura característica que se destacará nas preferências dos consumidores de produto imobiliário: sejam centros comerciais, residências ou escritórios. Apenas no tema logístico se manterá o lema de que “big is better”. Por causa disso, as oportunidades de reabilitar e recentrar o produto que cada qual têm no seu portfolio de acordo com estas características irá certamente condicionar os planos de investimento novo ou de modernização, dos próximos anos.
Outra realidade é a flexibilidade dos locais, que ligada à evolução tecnológica, vai redefinir permanente o espaço de trabalho. A pandemia obrigou os responsáveis a desenvolverem estratégias de continuidade e contingência do “workplace”, em casa, no escritório, ou fora deles que não eram as tradicionais. Questões de inter-conetividade, redes de IT e ferramentas de trabalho colaborativas, leves e performantes passam a ter uma importância na já acrescida importância tecnológica do espaço imobiliário, que deixa de ter “apenas” metros quadrados para definir o seu valor gerando maiores necessidades de reabilitação de espaços mal equipados neste prisma. A reabilitação ganha uma dimensão tecnológica permanente, que sempre existiu, mas que esteve sempre secundarizada na mente menos atenta.
Por último, a Pandemia COVID19, revela-se como um “wake-up call” para todas as questões de sustentabilidade ambiental que relevam nas decisões de investimento Imobiliário. Ainda que as metas ambientais, de evitar o aquecimento global estejam com um ponto de partida algo menos “negativo” graças à desaceleração económica registada em 2020, e consequentemente com as menores emissões de carbono registadas globalmente, a sustentabilidade verde tenderá a estar no centro de uma agenda Global de reguladores, investidores e utilizadores do produto imobiliário. Aqueles que ignorarem esta realidade e as suas diferentes dimensões nos processos de reabilitação, estarão em rota de colisão com os objetivos que várias instituições a nível internacional têm vindo a defender. A Reabilitação também significará maior sustentabilidade, pois transformando o existente, poupamos os recursos escassos que o produto novo consome.