Os problemas diagnosticados prendem-se com o “consumo” do espaço, a desarticulação do tecido urbano, a degradação do património, escassez de espaços verdes e equipamentos coletivos, congestionamento de tráfego, ruído, sub-dimensionamento dos sistemas de saneamento básico e resíduos sólidos, exclusão social (via desemprego, crescente número de sem-abrigo e toxicodependentes), pela marginalidade e aumento da criminalidade e da insegurança.
Estes problemas são importantes por afetarem uma parte muito significativa da população mundial e por condicionarem a sua qualidade de vida. Consequentemente, o debate sobre o desenvolvimento sustentável foi transferido para a escala urbana uma vez que, embora sejam o foco do problema, as cidades encerram, em si mesmas, as potenciais soluções para esses problemas.
O desenvolvimento urbano sustentável envolve preocupações de qualidade de vida, critérios de equidade para a população atual e inter-geracional, e a dimensão social, económica, ética e institucional do bem-estar humano. Acima de tudo, o caminho da sustentabilidade implica mudanças culturais, sociais e tem de facto implicações práticas no dia-a-dia. Deste modo, quaisquer estratégias de sustentabilidade a definir necessitam da participação pública e do envolvimento cívico dos cidadãos e da confiança dos mesmos nas instituições que as promovem.
A regeneração urbana foi originalmente concebida como um meio de revigorar e reaproveitar os bairros centrais da cidade escavados pela desindustrialização. Como tal, foi abraçada como uma “boa ideia” descomplicada, com o potencial de dano social e exclusão desconsiderado.
Embora o investimento em bairros problemáticos possa parecer uma “boa ideia” descomplicada, muitas vezes essas estratégias resultam no afastamento das comunidades que deveriam ajudar. Como é a regeneração inclusiva? Como as comunidades locais podem ser capacitadas para liderar a renovação de seus bairros de origem? E quais são os sinais evidentes de que a regeneração se transformou em gentrificação? Estas são as questões que têm de ser respondidas pelo poder político e pelos promotores privados.
O papel do imobiliário enquanto instrumento de promoção de qualidade de vida dos cidadãos, de padrões e modos de estar sustentáveis e de promotor da coesão social e territorial tem sido, ao longo dos anos relegado para último plano, com as consequências visíveis, experimentadas por todas as cidades. Embora haja sinais de mudança, interessa realmente reforçar a consciencialização do seu papel enquanto meio de promoção do desenvolvimento urbano sustentável para que as cidades de amanhã sejam efetivamente lugares de oportunidade, de encontro e de fortalecimento de relações económicas, sociais, institucionais e ambientais.