opinião

A descarbonização dos edifícios e o European Green Deal

A descarbonização dos edifícios e o European Green Deal
José Manuel de Sousa
Vice Presidente da Ordem dos Engenheiros Técnicos

Ao tornar a Europa climaticamente neutra e ao proteger o nosso habitat natural beneficiaremos as pessoas, o planeta e a economia. Ninguém ficará para trás.”, in #EUGreenDeal

Sobre este tema a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, diz o seguinte «O Pacto Ecológico Europeu é a nossa nova estratégia de crescimento. Ajudar-nos-á a reduzir as emissões e, ao mesmo tempo, a criar emprego.»

Ora, segundo este desiderato que se nos apresenta favoravelmente vantajoso, resta-nos equacionar quais os setores que irão contribuir para estas metas e qual o impacte que terão os princípios no setor da construção e do imobiliário.

Neste contexto de favorecimento de um CLIMA desprotegido por décadas, a Comissão propôs um quadro legislativo em matéria de clima, conferindo força de lei a este compromisso político e tornando-o um motor de investimento que a União Europeia pretende ser climaticamente neutra em 2050.

A ENERGIA apresenta-se como o setor em que mais importa investir já que na União Europeia a produção e a utilização de energia são responsáveis por mais de 75 % das emissões de gases com efeito de estufa.

Por outro lado, o setor INDUSTRIAL europeu utiliza apenas cerca de 12 % de materiais reciclados sendo, por isso, imperioso que se incentivem as empresas a inovar e a tornarem-se protagonistas do processo da economia verde, intervindo na racionalização da energia incorporada, ou embebida, nos materiais e produtos, através da necessidade constante de manufaturação a partir de matéria-prima, desperdiçando o grande apor da incorporação energética dos reciclados.

A MOBILIDADE e os transportes representam 25 % das nossas emissões havendo que intervir na Implementação de formas de transporte público e privado mais limpas, mais baratas e mais saudáveis.

Os EDIFÍCIOS são, segundo as mais recentes estatísticas europeias, responsáveis por cerca de 40 % do nosso consumo de energia sendo importante, pelo peso do setor no consumo energético, o incentivo à renovação dos edifícios, por forma a minimizar as contas de eletricidade e reduzir a utilização de energia. Esta dificuldade esta na génese do conceito de pobreza energética enfrentado por muitos agregados familiares que não dispõem de meios suficientes para usufruir das essenciais condições de climatização, a fim de garantir um nível de conforto adequado.

A construção, a utilização e a renovação de edifícios exigem uma quantidade significativa de energia e de recursos minerais e por outro lado interligam muitos dos setores acima referenciados. Atualmente, a taxa de renovação anual do parque imobiliário varia entre 0,4 % e 1,2 % nos Estados-Membros. É necessário que esta taxa duplique para que a União Europeia atinja os seus objetivos em matéria de eficiência energética e clima e se reduza o índice de pobreza energética que não é unicamente uma realidade Nacional, mas que nos assola fortemente.

Para enfrentar este duplo desafio a UE e os Estados-Membros promoverão uma «onda de renovação» de edifícios públicos e privados.

O papel da indústria da construção, em toda a sua fileira, apresenta-se como um importante parceiro na renovação de um parque edificado, na sua maior parte obsoleto e cristalizado em tempos idos, onde a informação e sensibilidade ambiental e social se revestiam de uma mão cheia de falsos dogmas e insensibilidade para fatores determinantes para o futuro.

Os valores inscritos no PRR para a concretização do Pacto Ecológico Europeu serão um importante fator de alavancagem para a renovação dos edifícios existentes, assim tenhamos as devidas condições para o conseguir implementar.

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