Na zona do Monte da Caparica e do Porto Brandão, vai surgir o novo Innovation District, um projeto liderado pela Universidade NOVA, em parceria com investidores privados, e em estreita articulação com a Câmara Municipal de Almada, que promete ser «uma alavanca de internacionalização de Lisboa» e captar 4.500 novos habitantes, criando 17.000 postos de trabalho.
Trata-se de um investimento privado de cerca de 800 milhões de euros, que diz respeito a uma primeira fase de desenvolvimento do projeto, que abrange uma área de 120 hectares, a executar num horizonte a 10 anos.
Numa área total de 400 hectares, a ideia é criar uma nova centralidade na zona da Área Metropolitana de Lisboa, «uma nova cidade com o conhecimento e a tecnologia no seu centro. Uma cidade moderna, inclusiva e sustentável, onde todos querem e conseguem viver. Não será nem um novo parque empresarial nem um dormitório, e sim um local para estar e ser, viver e trabalhar, repousar, usufruir», descreveu o Vice-Reitor da Universidade NOVA para o desenvolvimento, José Ferreira Machado, na apresentação deste projeto, feita à imprensa esta semana. «A NOVA acredita numa universidade que tenha as portas abertas à comunidade, que seja norteada pelo impacto económico e social das suas atividades, que consiga ser um ator chave na economia do conhecimento do século XXI», defende.
Para o desenvolvimento da primeira fase do projeto, que soma os 120 hectares, assinaram um memorando de entendimento cerca de uma dezena de investidores privados, já com projetos planeados ou em curso nesta região, e que aceitaram adaptar os seus projetos individuais ao desígnio coletivo do Innovation Disctrict. Estão entre eles, além da Universidade NOVA de Lisboa, Universidade Nova de Lisboa, a Cordialequation Unipessoal, Lda.; a Rustik Puzzle, Lda.; a SOSTATE, SA; a Maia e Pereira, SA; a Egas Moniz Cooperativa de Ensino Superior, CRL; a Emerging Ocean Unipessoal, Lda.; a RIO CAPITAL, Lda.; a Orbisribalta- Investimentos Imobiliários e Turísticos, SA ou a Fundação Serra Henriques.
Alguns destes projetos já foram inclusive submetidos a licenciamento camarário, e entre 6 a 8 dos mesmos estão prontos a arrancar.
Marcellino Hoensbroech, Managing Director da Southshore Investments, um dos investidores envolvidos, destaca que «este não é de todo um business park, é uma localização onde se encontra tudo num só “distrito”. A NOVA é o coração dessa centralidade». E lembra que «hoje já não são nem países nem cidades que competem, e sim áreas metropolitanas. É a altura de Portugal mostrar o que faz de bom e promove-lo. E esta localização é muito lógica».
Cidade dos 15 minutos: "Live-work-play"
Seguindo o conceito de desenvolvimento “Live-work-play”, o Innovation District propõe-se a atrair cerca de 4.500 novos habitantes. Nesta primeira fase de investimento e desenvolvimento, deverão ser criadas 1.000 novas habitações, mas o projeto integra também outras componentes, como a turística (que vai somar mais de 86.000 metros quadrados), escritórios, comércio e serviços, cultura, escolas ou residências de estudantes, espaços verdes (110 hectares no total) e de lazer, entre outras. Nesta nova centralidade, tudo estará a uma distância de 15 minutos de quem precisa.
Também o Campus da Faculdade de Ciências e Tecnologia da NOVA será alvo de obras de renovação e requalificação, assim como as zonas históricas do Porto Brandão e do Monte da Caparica. Serão propostas novas soluções de mobilidade, nomeadamente ligação fluvial a Lisboa.
A ambição é que, nos próximos 10 anos, sejam criados cerca de 17.000 novos postos de trabalho nas várias áreas.
Este é “o grande projeto de Almada”
«Almada precisava de um projeto destes há muito tempo», acredita Inês de Medeiros, Presidente da Câmara Municipal de Almada, que não tem dúvidas de que «este é o grande projeto de Almada neste momento».
A autarca considera que este é «um projeto fundamental para o desenvolvimento de Almada e da Área Metropolitana de Lisboa, e mesmo do país». Explica que este novo conceito de cidade é «baseado na inovação, na sustentabilidade, e aposta muito na qualidade de vida nas suas várias vertentes de habitação, emprego, atividades económicas e saber. O desafio foi juntarmo-nos todos e desenvolver um projeto comum e com coerência em termos urbanísticos. Todos os intervenientes tiveram essa perceção e conseguiram adaptar os seus projetos a este desígnio comum».
Admite que este «é um projeto muito ambicioso, mas que já está no terreno, e é isso que dá confiança».
“Temos condições de continuar a atrair investimento estrangeiro”
Este projeto é visto como uma nova oportunidade de atração de investimento estrangeiro. Eurico Brilhante Dias, secretário de Estado da Internacionalização, considera que o Innovation District se enquadra nas prioridades do Governo, e que «a questão da competitividade dos territórios é um elemento decisivo».
Lembra que «o investimento estrangeiro é um negócio muito competitivo. Lisboa concorre hoje diretamente com Bucareste, Varsóvia, Barcelona ou Madrid e mesmo na Holanda e na Bélgica, conforme os casos. E essa concorrência faz-se em espaços de qualificação, onde o investidor não procura apenas o salário ou as competências, mas o espaço onde vai viver o expatriado e os trabalhadores que vão desenvolver as suas atividades». Está convicto de que «temos condições de continuar a atrair investimento estrangeiro e de criar novas oportunidades de desenvolvimento».
Pedro Siza Vieira, Ministro da Economia e da Transição Digital, participou também nesta apresentação, e acredita que este projeto «é um exemplo a saudar, que esperamos que seja exemplo para outros polos do nosso país».