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Está oficialmente criada a Fundação da Construção

Está oficialmente criada a Fundação da Construção

Esta quinta-feira foi oficialmente criada a Fundação da Construção. A escritura pública foi assinada no Técnico Innovation Centre, em Lisboa, numa cerimónia que contou com a presença do ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, e dos bastonários e presidentes das maiores empresas do setor.

A Fundação da Construção reúne a Ordem dos Engenheiros, a Ordem dos Arquitectos e a Ordem dos Economistas, juntamente com 14 empresas líderes do setor da construção e projetos em Portugal, nomeadamente a A400, Alves Ribeiro Construção, Betar Consultores, Casais, Coba, Conduril, Gabriel Couto, Grupo Visabeira, HCI, JLCM, Mota-Engil, NRV, Teixeira Duarte, e Ventura + Partners.

Esta iniciativa surge da convicção de que um esforço conjunto e concertado entre as principais entidades do setor é importante para contribuir para o conhecimento coletivo das reais necessidades do país neste setor de atividade, como por exemplo, para o correto dimensionamento das suas infraestruturas e do edificado, acautelando o desenvolvimento económico sustentável e a defesa do interesse e a autonomia nacionais.

A Fundação da Construção quer ser um motor de mudança, agregando a experiência e o conhecimento dos seus membros para responder aos desafios do presente e do futuro.

Miguel Pinto Luz, ministro das Infraestruturas e Habitação
Miguel Pinto Luz, ministro das Infraestruturas e Habitação

Durante a sessão oficial de apresentação e escritura pública da Fundação da Construção, Miguel Pinto Luz, ministro das Infraestruturas e Habitação, partilhou o seu «entusiasmo» com a iniciativa: «nesta fase de governação, identifico-me totalmente com a constituição desta fundação».

Para o ministro, «é muito bom quando uma fileira se une à volta de um desiderato como este, ainda melhor quando esse desiderato é de criação de saber, para melhor servir os nossos concidadãos. Estamos absolutamente alinhados neste desígnio. Imediatamente disse que “sim, presente”. Em nome do Governo, contam connosco neste nosso desafio, e eu conto convosco nesta provocação saudável, disruptiva, de questionarmos as decisões. Estamos profundamente agradecidos por esta iniciativa, estamos expectantes para ver estes estudos e as provocações saudáveis que nos têm para fazer, e para que nos ajudem neste caminho. De mãos dadas, somos mais fortes. Precisamos de robustecer esta fileira ainda mais, para encontrar novos rumos e construir Portugal».

Miguel Pinto Luz afirma perceber «todos os vossos anseios. Se não mobilizarmos o setor, criarmos novas regras e mecanismos, podemos proclamar as obras que quisermos, as mudanças estruturais, que precisamos de mais habitação, mas ela não se concretizará. Esta fundação é importante para se pensar como é que este setor pode ser mais competitivo. Para nunca ficarmos atrás dos outros. Queremos continuar a exigir essa qualidade».

Sobre o Pacto para a Construção, recentemente anunciado pelo Governo, Miguel Pinto Luz remeteu mais novidades para as próximas semanas, afirmando que será «essencial», e que a escritura de formalização da Fundação da Construção «será o ato mais simbólico do início deste pacto».

Para Miguel Pinto Luz, é também necessário rever a lei dos solos, nomeadamente para criar mais habitação e condições para atrair mão-de-obra estrangeira. Recordou também para a necessidade de um novo Código dos Contratos Públicos: «precisamos de um novo, não de mais uma revisão. Não podemos estar parados por litigâncias, temos de encontrar formas de ser mais céleres e de entregar um mundo melhor às próximas gerações».

Horácio Sá, presidente do Conselho de Administração da Mota-Engil
Horácio Sá, presidente do Conselho de Administração da Mota-Engil

Por seu turno, Horácio Sá, presidente do Conselho de Administração da Mota-Engil e representante das empresas fundadoras, recordou na ocasião que a construção emprega hoje 7% da população ativa, sendo o 5º maior empregador do país. «São mais pessoas que a administração pública ou que o turismo. É fundamental em toda a economia. O peso da construção no emprego, os custos tangíveis e intangíveis levam-nos a concluir que devemos procurar ter uma estratégia para a construção».

O responsável recordou os últimos anos de desafio para o setor, especialmente depois da última crise financeira, que levou ao encerramento de muitas empresas. «Hoje, temos um setor totalmente transformado. As maiores empresas de construção são altamente diferenciadas, com muita experiência, e ultrapassaram também a pandemia, a enorme inflação, e as consequências da invasão da Ucrânia. Este tecido empresarial é altamente resiliente e robusto». No entanto, as empresas portuguesas «são as únicas com as quais nos cruzamos pelo mundo fora que não têm o mercado nacional como o seu principal mercado. É fundamental ter uma base nacional sólida, apostando nas pessoas, na inovação, criando um porto seguro. Caso contrário, isso comporta grandes riscos».

A Fundação da Construção tem como objetivo «definir uma estratégia para a construção. Pretendemos contribuir para isso e para a coesão territorial, promovendo ações de debate, de vinculação de talento, sessões de reflexão, antecipar o Código da Construção ou criar um Observatório da Construção, para que se registe o que correu bem e o que correu mal».

Fernando de Almeida Santos, Bastonário da Ordem dos Engenheiros
Fernando de Almeida Santos, Bastonário da Ordem dos Engenheiros

Fernando de Almeida Santos, bastonário da Ordem dos Engenheiros, parabenizou a iniciativa, e recordou que esta união entre público, privado e associações é inédita, apelando à inclusão de mais instituições e empresas na Fundação no futuro.

Destacou como principais desígnios da Fundação da Construção o interesse nacional ou o talento. «Portugal tem muito a ganhar com alguma salvaguarda do interesse nacional nas matérias empresariais. Quase 50% das obras públicas foram adjudicadas a empresas estrangeiras nos últimos anos, o que é legítimo, mas não acontece o inverso. Temos capacidade instalada, e não há contratação pública de empresas portuguesas lá fora», aponta.

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