Jorge Silva, CEO sócio gerente da JGDS Casas Modulares, em conjunto com Isabel Santos, falou com o RE Portugal para explicar um pouco mais sobre este tipo de construção, nomeadamente na experiência da empresa especializada construção de casas modulares com recurso a aço corten de contentores marítimos.
O que é uma casa modular, e quais as suas principais mais-valias?
Uma casa modular é uma casa que é construída por módulos o que traz a vantagem de poder ser construída mais rapidamente e de forma mais económica. Para além disso, têm a mais valia de serem casas sustentáveis contribuindo, assim, para o bem do planeta.
Quantos pisos pode ter uma construção modular?
Na Holanda existem edifícios com 7 pisos como residência universitária e habitação social. Em Portugal, apesar de ser igualmente possível, nunca construímos um edifício com 7 pisos mas já construímos vários com 3 pisos.
Quais as etapas de construção de uma casa modular?
A primeira etapa é o licenciamento. Muitos questionam sobre a necessidade de projeto, mas as regras são as mesmas que em qualquer casa, já que uma casa modular obedece a todos os requisitos legais de edificações e requer licenciamento municipal. A segunda etapa é a construção, que começa em estaleiro com a adaptação dos contentores e aplicação dos isolamentos e tubagens. Já com pavimentos, janelas, portas e casa de banho completa, a casa é transportada em módulos e finalizada no local.
Como tem evoluído a procura por casas modulares sustentáveis em Portugal nos últimos anos?
Tem evoluído muito positivamente. Tornou-se mesmo uma tendência de mercado. As famílias procuram viver mais em harmonia com a natureza e querem uma mudança rápida e com o menor investimento possível, daí as casas modulares, por também serem sustentáveis, serem a sua escolha.
Como foi o ano de 2020 para a JGDS? Quais os objetivos a que se propõem em 2021 e nos próximos anos?
A atividade da JGDS tem crescido nos últimos anos, não só devido ao aumento da procura de casas modulares, mas muito devido à reputação e ao reconhecimento da competência que os 30 anos de experiência da equipa garantem.
2020 trouxe desafios novos com a pandemia Covid-19. A JGDS esteve sempre a laborar e conseguiu entregar como esperado.
Em 2021, pretendemos consolidar este crescimento e concretizar a certificação de construção sustentável da primeira casa modular construída com contentores marítimos, resultado da constante inovação que será aplicada nos próximos anos.
Que impacto teve a pandemia nesta procura por casas modulares? O que impulsionava a procura antes da Covid-19, e o que mudou entretanto?
Em 2020, verificámos um aumento exponencial da procura e de encomendas de casas modulares, já que constituem uma forma rápida e económica de ter um espaço exterior para desconfinar mais cedo, junto da natureza.
Quem procura essencialmente este tipo de casas modulares?
De entre aqueles que desejam construir casas modulares com a JGDS, cerca de 36% são casais dos 20 aos 40 anos, nomeadamente devido ao orçamento reduzido: apresentam custos entre 25% a 50% mais baixos que os das casas tradicionais. Além disso, o crescimento das preocupações ecológicas na comunidade devido às alterações climáticas também resultou na procura por uma solução alternativa à da construção tradicional, que é mais poluente e menos eficiente do ponto de vista energético.
O custo das casas modulares pode ser entre 25% a 50% inferior ao da construção tradicional. Como se consegue este diferencial, e como deverá esta diferença evoluir nos próximos anos?
Consegue-se através de um binómio custo-tempo, mantendo e até aumentando a qualidade. Isto porque uma casa modular construída pela JGDS demora cerca de 6 meses e é iniciada em estaleiro enquanto a construção tradicional demora cerca de 18 meses e é toda construída no local, portanto, apenas depois da emissão da licença para construção no local. Por outro lado, a escassez de mão de obra torna o conceito de construção em estaleiro muito mais vantajoso, em termos de tempo, de custo e de qualidade.
Existe também um comparativo ao nível da pegada ecológica face à construção convencional?
Sem dúvida, a construção de uma casa modular com contentores marítimos promove o conceito da economia circular, utiliza menos recursos, produz menos resíduos e requer muito menos energia para a sua utilização.
E de consumo energético, por exemplo? Quais as principais vantagens?
Os isolamentos que a JGDS aplica permitem que a casa modular tenha, pelo menos, classificação energética A, o que requer muito baixo consumo energético para a sua utilização. Alguns clientes optam por instalar lareira, mas depois nunca a ligam!
Quais são hoje em dia os principais constrangimentos que podem surgir na hora de construir uma casa modular, nomeadamente ao nível burocrático, de licenciamentos por exemplo?
O licenciamento decorre de forma normal porque as casas modulares construídas pela JGDS cumprem todos os regulamentos nacionais aplicáveis. A banca é que não está a acompanhar esta tendência, tende a ser conservadora e a não perceber que o risco é mais baixo e as vantagens ao nível de investimento superiores. Mas alguns bancos já vão olhando de forma diferente, realista e inovadora.
Além destes, quais os principais desafios da construção modular em Portugal hoje em dia?
Como em muitos setores de atividade, e principalmente quando se verifica um aumento rápido da tendência, aparecem sempre alguns players que, sem grande experiência, procuram o lucro fácil e baixam os padrões de qualidade sem que tal seja facilmente detetável por quem é leigo. O desafio vai ser mesmo o de dar confiança aos clientes, fornecendo um produto de qualidade pelo preço justo.
A JGDS foi constituída em 2001. Como surgiu a ideia de avançar com um negócio de construção de casas modulares com recurso a aço corten de contentores marítimos?
As raízes da JGDS remontam aos anos 90, no decorrer da experiência na construção de casas modulares com estrutura de contentores marítimos em França. Fiz parte de vários projetos de casas modulares construídas com contentores marítimos em diversos países da Europa e, ao regressar a Portugal em 2001, quis trazer esta tecnologia. Dei continuidade ao conhecimento adquirido, fundando a JGDS em Paços de Ferreira.
A JGDS constrói hoje em todo o Portugal Continental e Marrocos, mas conta com experiência em diversos países da Europa, tais como França, Bélgica, Suíça, Holanda, Luxemburgo e Áustria.
Que outro tipo de construção faz a JGDS, além de habitação?
Ao longo dos últimos anos, a JGDS já construiu bares, pool-houses, bungalows, eco-resorts e instalações sociais, como sedes de escuteiros. Além disso, temos em projeto a construção de uma igreja em Coimbra e de um lar de idosos em Sobral de Monte Agraço.
Cerca de 80% dos projetos da JGDS são casas para habitação particular, permanente ou não. Os restantes 20% repartem-se em edifícios de turismo e restauração e instalações de apoio social.
Quantas pessoas emprega?
A JGDS emprega cerca de 30 pessoas e tem parcerias estabelecidas com Técnicos (arquitetos e engenheiros) que asseguram todas as competências necessárias à prestação de um serviço de qualidade que tem satisfeito os Clientes que, frequentemente, nos recomendam a amigos e familiares.