Através da assinatura de dois importantes projetos da Teixeira Duarte, o ateliê de arquitetura Broadway Malyan está ativamente envolvido no processo de regeneração da zona de Benfica, em Lisboa.
A empresa foi selecionada pela Teixeira Duarte para dar corpo ao processo “Renovar o Bairro. Recontar a História”, que intervém sobre cerca de 7,5% da área edificada desta freguesia, equivalente a mais de 10.000 metros quadrados. Cria 400 novos alojamentos, com capacidade para acolher pelo menos 1.000 pessoas.
Teve início em 2019, com o projeto Fábrica 1921, a histórica fábrica têxtil “Simões & Companhia Lda”, que foi reconvertida em habitação, com 244 apartamentos. Pensando numa «nova forma de fazer cidade», este empreendimento «foi desenhado numa perspetiva de continuidade, trazendo ao bairro uma nova praça pública, onde vão estar disponíveis para toda a população novas opções de comércio e restauração, com esplanadas e zonas de circulação pedonal, uma área de parque infantil e um novo equipamento cultural, a biblioteca municipal “António Lobo Antunes”». Este último espaço ocupará dois pisos de um dos edifícios do projeto, estendendo-se por 1.850 m2 através de áreas dedicadas à família, adultos, jovens e crianças.
Marcado pela presença de elementos naturais e vegetação, o projeto já mereceu o Prémio Nacional de Reabilitação Urbana 2023 para a “Melhor intervenção da cidade de Lisboa”. A segunda fase do projeto está atualmente em construção.
Este processo de requalificação de Benfica dá agora um novo passo com o Garridas 1867, inspirado nos antigos palacetes de Benfica, e que recorda o já inexistente Palacete da Quinta das Garridas. Terá 180 apartamentos, apoiados por várias comodidades de uso social e de bem-estar, zona de comércio aberta ao bairro – o 1867 Street Market.
O projeto partilha da mesma abordagem, «interligando os espaços de uso privado com uma componente pública, aberta à vida do bairro». Este projeto vai também criar uma praça pública de fruição, rodeada por novos espaços de comércio e restauração, bem como áreas de lazer e percursos de circulação pedonal. Também este empreendimento é marcado pela biofilia, e tem como objetivo prolongar a referência de arborização do bairro de Santa Cruz.
O início da construção e lançamento comercial estão planeados para o início do próximo ano.
Os dois projetos foram pensados «para criar um impacto positivo no bairro, requalificando o tecido urbano e, sobretudo, trazendo novos espaços públicos para uso da comunidade, dinamizando a vida do bairro».
Em comunicado, a Broadway Malyan recorda que quis «devolver ao bairro dois dos seus espaços históricos, promovendo a conexão de ambos os projetos à sua envolvente, quer em termos funcionais e de vivência, quer em termos estéticos». Explica que esta ligação entre o espaço privado e o espaço público «é conseguida por um design inovador, que através da arquitetura e do tratamento dos espaços exteriores integra no seio da Fábrica 1921 e do Garridas 1867 novas áreas de recreio e fruição abertas a toda a população de Benfica, sem com isso descurar a privacidade dos residentes».
Margarida Caldeira, Head of Lisbon Studio da Broadway Malyan, ativamente envolvida no conceito e desenho arquitetónico dos projetos, considera que «é um privilégio termos a possibilidade de intervir no espaço urbano de Benfica numa escala que é rara acontecer em Lisboa e em projetos que se pretendem com forte impacto positivo no bairro. Do ponto de vista do desenvolvimento urbano, atualmente não podemos olhar para os projetos de forma isolada e temos, sim, de os pensar numa lógica de pertença ao local onde se inserem, não apenas no que respeita à arquitetura e estética, mas, sobretudo, em termos funcionais. Enquanto arquitetos, cabe-nos criar espaços que preservam a privacidade de quem lá vive, mas que também se tornam parte da vivência daquela comunidade; contribuindo ativamente para melhorar a qualidade de vida das pessoas e dos locais onde se inserem».
«Cabe-nos criar espaços que preservam a privacidade de quem lá vive, mas que também se tornam parte da vivência daquela comunidade; contribuindo ativamente para melhorar a qualidade de vida das pessoas e dos locais onde se inserem»
A responsável conta que «esta é a nossa visão para o Fábrica 1921 e para o Garridas 1867, que desenvolvemos, no espírito de criar uma oferta de habitação de referência, quer a nível dos apartamentos quer das valências para os seus residentes, mas que também preconizam uma nova abordagem ao espaço público».
«Comprovando que os benefícios da reabilitação são muito mais vastos do que a requalificação do património físico, estas são intervenções com impacto efetivo na vida quotidiana das pessoas». Além dos habitantes e de uma linha do horizonte renovada, o Fábrica 1921 e o Garridas 1867 trazem novas praças, novas lojas, novos parques infantis, novas áreas de passeio e um novo equipamento cultural para Benfica. «É beneficiar a vida do bairro em todas as suas vertentes, numa visão que partilhamos com a Teixeira Duarte Real Estate», nota a arquiteta.