A APCMC – Associação Portuguesa dos Comerciantes de Materiais de Construção está a liderar o projeto “Next Generation MC – Construir um Futuro Sustentável”, promovido no âmbito do COMPETE2030-FEDER, que tem como objetivo preparar os comerciantes para lidar com os desafios da transformação dos negócios, como a digitalização e da inovação nos processos logísticos, o cumprimento de objetivos externos e internos na área da sustentabilidade, particularmente no domínio ambiental.
A associação explica que, embora a digitalização seja um processo transversal a todas as áreas da economia, assume, na construção, um papel muito importante, sendo indispensável para que o setor cumpra a sua parte no cumprimento das metas de descarbonização definidas pela União Europeia. A digitalização das diferentes atividades ao longo de toda a cadeia de valor, desde a fabricação dos materiais até à construção propriamente dita, passando pelas operações logísticas e pelo projeto, é considerada essencial para o aumento da produtividade no setor da construção — o mais atrasado entre todos os setores e aquele que menos progrediu nas últimas décadas.
A primeira ação empreendida pela APCMC no âmbito do Next Generation foi a constituição de uma Estrutura de Dinamização do projeto, à qual se seguiu o trabalho de elaboração de um Plano Estratégico para a Fileira da Construção Beyond 2030, desenvolvido por uma consultora externa. Neste processo participarão os associados da APCMC, e serão ouvidas múltiplas entidades e personalidades ligadas à academia e ao setor da construção, tanto a nível nacional como europeu.
As próximas iniciativas incluem a realização de dois workshops, a decorrer nas cidades do Porto e Braga, após o verão, com o objetivo de abordar os principais desafios do setor da distribuição de materiais de construção e perspetivar o futuro. Estarão em discussão temas como a digitalização, a construção off-site, a utilização de novas ferramentas de gestão e marketing (incluindo a inteligência artificial), as marcas da distribuição, a nova logística e as oportunidades da economia circular.
José de Matos, secretário-geral da APCMC, destaca em comunicado que “para além da dimensão económica, a importância da digitalização da construção terá impacto também na área social, já que contribui para a melhoria das condições de exercício das várias profissões e para a valorização salarial, ao mesmo tempo que favorece a redução de custos da construção, tornando a habitação mais acessível”.
O responsável acrescenta que “no domínio mais estritamente ambiental, seja ao nível do projeto, seja da construção propriamente dita (e fases seguintes de manutenção), as ferramentas digitais e a existência de informação completa sobre os produtos em formato digital - nomeadamente dados com relevância para o cálculo da pegada carbónica, reciclagem ou reutilização num processo de economia circular - são fundamentais para o cumprimento das exigências regulamentares”.
De recordar que o reconhecimento desta realidade levou à criação dos passaportes digitais dos produtos, cuja obrigatoriedade entrará em vigor até ao final de 2026.