Estudos

Resiliência energética dos edifícios assume papel crítico para a sustentabilidade urbana



                      Resiliência energética dos edifícios assume papel crítico para a sustentabilidade urbana
Fotografia cedida pela JLL.

O recente apagão na Península Ibérica veio expor um ponto crítico: à medida que cresce a dependência de energias renováveis, a resiliência energética de edifícios e infraestruturas urbanas torna-se vital para a sustentabilidade das cidades, segundo um estudo divulgado pela JLL.

Apesar de essenciais para a descarbonização, fontes como a solar não garantem a inércia dos sistemas tradicionais, deixando os ativos imobiliários mais expostos a falhas súbitas na rede elétrica. 

Mais do que um problema, este episódio foi uma oportunidade de aprendizagem para todos os setores, incluindo o imobiliário. A resiliência energética dos edifícios será, cada vez mais, um critério essencial no planeamento, desenvolvimento e valorização dos ativos. A transição energética veio para ficar e cabe-nos preparar os espaços onde vivemos, trabalhamos e investimos para um novo paradigma de produção e consumo de energia”, comenta Maria da Cunha e Menezes, Head of Project & Development Services da JLL Portugal.

Com os edifícios responsáveis por cerca de 30% do consumo de energia em Portugal, o setor imobiliário tem um papel crucial na transição energética. A adoção de energias renováveis em edifícios, nomeadamente sistemas solares fotovoltaicos, térmicos e bombas de calor, tem vindo a acelerar, impulsionada por metas de descarbonização, regulamentação europeia e incentivos fiscais nacionais.

Segundo dados da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), os sistemas solares representam mais de 80% da potência renovável instalada em edifícios residenciais e comerciais. Portugal, com uma média anual entre 2.200 e 3.000 horas de sol, oferece condições ideais para o desenvolvimento de projetos fotovoltaicos, com benefícios evidentes em termos de redução de custos energéticos, valorização de ativos e resiliência energética.

A energia renovável, nomeadamente solar, deixou de ser apenas uma opção sustentável, é hoje um investimento estratégico que potencia o valor dos ativos e aumenta a sua atratividade no mercado”, acrescenta Maria da Cunha e Menezes.

Portugal e Espanha têm sido líderes na adoção de energias renováveis, mas a natureza intermitente destas fontes exige um reforço das capacidades técnicas dos edifícios, tornando-os mais autónomos, inteligentes e preparados para eventuais falhas de rede.

Em paralelo, os investidores e ocupantes estão cada vez mais atentos a certificações como BREEAM ou LEED, mas também a fatores como a eficiência energética real, o desempenho em caso de interrupções e o custo total de operação.

Imóveis com classificação energética A ou superior podem gerar rendas até 20% mais elevadas, de acordo com dados da ADENE. Além disso, a instalação de painéis solares pode reduzir até 60% na fatura elétrica anual, com períodos médios de retorno do investimento entre seis e dez anos. A legislação nacional tem acompanhado esta tendência.

Desde 2024, equipamentos de produção de energia renovável, como painéis solares, beneficiam de IVA reduzido (6%) e de programas de apoio como o “Programa de Apoio a Edifícios Mais Sustentáveis” e o IFFRU. Estes instrumentos têm permitido viabilizar projetos em edifícios existentes, incluindo reabilitação com medidas como janelas eficientes, isolamento térmico e sistemas de aquecimento renováveis.

Este é o momento certo para repensar a forma como desenhamos, desenvolvemos e gerimos os nossos edifícios”, reforça Maria da Cunha e Menezes, acrescentando que “o setor imobiliário tem uma responsabilidade, mas também uma oportunidade única de liderar a transição energética em Portugal, promovendo ativos mais eficientes, resilientes e sustentáveis”.

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