A sustentabilidade é hoje uma obrigatoriedade em toda a fileira da construção e do imobiliário, mas a pressão para cumprir com os melhores padrões será crescente nos próximos anos, assim o dita a legislação europeia e os objetivos de descarbonização. E as janelas eficientes podem ter aqui um papel fundamental, pela diferença que fazem na eficiência energética dos edifícios.
Este foi um dos pontos de debate da mesa-redonda “Mais conforto e eficiência energética nos edifícios em Portugal”, que a ANFAJE organizou a 3 de maio durante a Tektónica. Na ocasião, Rui Fragoso, responsável pela Direção de Edifícios e Eficiência de Recursos da ADENE, destacou a importância crescente do financiamento “verde”, garantindo que as exigências de sustentabilidade «vão ser muito impactantes. Ao nível da Comissão Europeia, têm sido feitos avanços que têm um impacto alargado, recentemente foi lançada a taxonomia europeia – sistema de classificação de atividades que contribuem para a sustentabilidade ou não comprometem um conjunto de domínios de modo significativo – e é possível perceber o que é ou não considerado sustentável, quando se constrói, compra ou renova um edifício. Isso vai ser muito impactante».
Por isso, «a banca e as empresas têm de estar alinhadas com este regulamento e outros requisitos em termos de reporting. A banca, em particular, tem de perceber de que forma é que os seus ativos estão alinhados com a taxonomia, e tem de calcular o seu rácio de ativos “verdes”, e demonstrar quantos estão efetivamente alinhados com a taxonomia, que é muito exigente. A probabilidade é que, atualmente, tenham muito poucos. Haverá uma pressão muito grande para que a banca melhore os seus ativos e demonstre melhores rácios de ativos “verdes”, e por isso têm de participar ativamente do processo de melhoria da eficiência energética, promovendo condições para que quem vive e utiliza os seus ativos se sinta minimamente convidado a melhorar esses ativos». E completa que «será também um esforço dos investidores privados ou dos fundos públicos, e será muito interessante que possam trabalhar numa perspetiva de minimizar o risco e alavancar investimentos privados».
Por seu turno, João Simões, da empresa fabricante de janelas minimalistas Ottima, destacou que «vamos começar a ver em Portugal mais empresas que, pelo seu próprio percurso dentro da área da sustentabilidade, não vão poder ocupar edifícios que não tenham classificação A, isto vai ser muito relevante. Será um assunto especialmente relevante para o mercado comercial e de escritórios. Por isso, teremos de arranjar forma de dar resposta». Está convencido de que «temos conhecimento, temos vontade, e com colaboração e comunicação entre todos acho que vamos conseguir dar resposta a este desafio».
As janelas eficientes podem também ajudar na melhoria das condições de vida por via da melhoria do conforto em casa, não só térmico, mas também acústico. O impacto dos aeroportos nas cidades, nomeadamente em Lisboa, onde esta infraestrutura se situa muito próxima do centro, foi também uma das questões abordadas nesta sessão. Para Islene Façanha, da associação Zero, o tema do ruído e o seu impacto na saúde é um «tema esquecido nas políticas públicas em Portugal, e as janelas têm papel a desempenhar na qualidade de vida dos edifícios».
A associação defende a mudança de localização do aeroporto, já que o tráfego aéreo intenso «causa problemas de saúde sérios às pessoas que moram perto destas zonas. No âmbito de um inquérito recente que fizemos, muitas pessoas se queixavam de stress, e sentiram-se mais descansados em casa no tempo da pandemia, em que havia menos voos. Os próprios aeroportos poderiam ajudar nos investimentos necessários, como a troca de janelas, colmatando este problema. Precisamos de investimento e apoio para todo este processo». E rematou ainda que «em todas as políticas que acontecem no nosso país, sentimos que falta coordenação interna».