Sustentabilidade

Edifícios sustentáveis serão o “novo normal” do imobiliário



                      Edifícios sustentáveis serão o “novo normal” do imobiliário

O ESG (Environment, Social, Governance) já é transversal a todos os negócios, e o imobiliário não é exceção. Começou pelos escritórios, mas estende-se a todas as classes de ativos, e 2/3 dos investidores imobiliários já estão a adotar critérios de ESG nos seus investimentos, segundo um estudo da CBRE.

Durante o webinar “ESG – A cal to action for the real estate industry”, Duarte Cardoso Ferreira, diretor de Consultoria Estratégica da CBRE, explicou que a componente ambiental do ESG passa por gerir os ativos tendo em conta os riscos climáticos, em função dos negócios, para que tenham mais resiliência neste aspeto, protegendo a biodiversidade, estabelecendo metas de poupança de energia e de carbono zero, usando materiais mais sustentáveis ou aplicando novos requisitos regulamentares.

Ao nível social, importa melhorar a diversidade, equidade e inclusão das pessoas, implementar políticas que tenham impacto nas mesmas, ou perceber o impacto social dos produtos e das organizações. E o imobiliário é parte integrante dos bairros, das cidades, tendo por isso um grande impacto nos mesmos, nomeadamente ao nível da habitação acessível, da saúde ou do bem-estar.

No que toca à governação, importa desenvolver uma estratégia corporativa clara para um comportamento corporativo responsável, apostando na responsabilidade social das empresas, no benchmarking ou na tecnologia – crítica para alcançar as metas de ESG.

Duarte Cardoso Ferreira avançou que «2020 foi decisivo para que estes fatores fossem muito mais presentes nos investimentos imobiliários». Segundo o especialista, «as empresas que estão a progredir no ESG apresentam melhor desempenho. Os colaboradores querem trabalhar em empresas que tenham um propósito, os compromissos públicos para o cumprimento das metas de carbono zero são cada vez mais comuns, a pressão regulatória liderada pela Europa continua a crescer, como reduzir emissões em 55% até 2030, e os eventos de 2020 criaram catalisador para as mudanças ambientais e sociais», resume.

E conclui que «é importante planear, transacionar, construir, gerir e medir. Toda a cadeia deve estar alinhada com os mesmos princípios».

Certificação de sustentabilidade dos edifícios tem vantagens

É verdade que são ainda relativamente poucos os ativos com certificações de sustentabilidade, mas o seu número está a aumentar. Num estudo, a CBRE mostrou que este stock na Europa já passou de 11% em 2016 para 20% em 2021, o que «mostra uma grande dinâmica do mercado». Já a ocupação de escritórios certificados aumentou de 24% há 5 anos para 31% em 2021, «confirmando a tendência de que a atividade de “leasing” está cada vez mais focada em edifícios certificados».

A CBRE conclui que há vantagens em certificar os edifícios. Bernardo Freitas, responsável de Sustentabilidade e Consultoria Estratégica da CBRE, destaca que «quando um edifício é mais sustentável, é possível capitalizar isso no negócio, comparando os imóveis certificados com os não certificados». Por exemplo, o arrendamento é mais rápido em edifícios certificados, com rendas superiores, e «é evidente um aumento da procura por este tipo de edifícios».

Estes ativos ainda conseguem retornos superiores, por se destacarem dos demais mas, em breve, os edifícios que não adotarem estas políticas de sustentabilidade terão retornos inferiores à média. Cristina Arouca, Diretora do departamento de Research da CBRE, avisa que «a adoção destes critérios ainda se pode refletir num prémio, mas rapidamente se vai traduzir num desconto para quem não os adotar».

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