Economia Circular

Economia circular: a transformação está à porta do setor imobiliário



                      Economia circular: a transformação está à porta do setor imobiliário

Dando as boas-vidas aos cerca de 40 associados presentes no Hotel Tivoli Liberdade, em Lisboa, o Presidente da Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII), Hugo Santos Ferreira, começou por sublinhar a importância do European Green Deal para o futuro do setor, lembrando que o crescimento e caminho futuro terá inevitavelmente de ser baseado na economia circular.

Uma ideia corroborada pela Secretária de Estado do Ambiente, Inês dos Santos Costa, que alertou que «se mantivermos a atividade ao ritmo do business a usual ao ritmo atual, nem dois ou três planetas chegarão para alimentar a nossa necessidade global de matérias-primas. Não nos enganemos: os limites do planeta existem! E daí a urgência da economia circular que, em concreto, visa preservar esses recursos o mais possível; mantendo os materiais em uso e em atividades que sejam elas próprias regeneradoras dos sistemas em uso». Por isso, diz, «é imperativo aumentar a taxa de circularidade, que a nível global ronda atualmente os 8,6% e que tem de ser pelo menos duplicada, para cerca de 17%, para que em conjunto com as outras medidas já em vigor e as que serão implementadas, possamos deixar no futuro um planeta para os nossos descendentes». E, neste campo a estratégia do Governo é clara: «temos de penalizar quem não é sustentável e beneficiar quem o é».

Sendo a redução drástica do desperdício uma das principais dimensões da economia circular, esta é também uma das vertentes onde os setores da construção e do imobiliário têm hoje pior desempenho, reconheceu a Governante; sendo que no caso concreto do imobiliário, «o desperdício não é só de recursos e de materiais, mas também de espaço que fica subaproveitado ou desocupado».

Em contrapartida, disse Inês dos Santos Costa, «isto também significa que existe muito espaço para o crescimento e para a melhoria neste campo»; nomeadamente através da implementação de «modelos que já estão a ser desenvolvidos e que podem também vir a ganhar terreno» no nosso país. Isso pode passar, por exemplo, por uma aposta cada vez maior na criação de espaços flexíveis, que possam ser facilmente adaptados a outros usos quando estão desocupados; em edifícios adaptados ao meio ambiente local e que, assim, reduzam o consumo de vários recursos; mas também em edifícios recolocáveis, isto é que possam ser, por exemplo desmontados e relocalizados. A capitalização do valor residual dos edifícios, uma estratégia com vantagens no que respeita às perdas associadas à depreciação material do imóvel e que passa pela negociação no mercado de futuros dos materiais de construção e matérias primas que estão dentro do imóvel; ou a aquisição de desempenho, isto é, pagar pelo desempenho energético do edifício, por via da contratação de serviços ao invés de pagar através da aquisição de bens e materiais, são outros dos exemplos evocados pela Secretária de Estado e que, a seu ver, terão «muito impacto ao nível do consumo de recursos e da redução da pegada ambiental do setor».

Reiterando a urgência de uma ação conjunta, a Secretária de Estado deixou, contudo, uma mensagem de esperança: «embora no passado tenhamos desenhado um modelo de desenvolvimento linear, que é insustentável por natureza; a verdade é que hoje temos a capacidade e conhecimento necessário para o redesenhar, e transformar o imobiliário e a construção em algo bastante mais sustentável!».

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